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Ainda tem jogo
ELIANE CANTANHÊDE
Brasília - Pelo Datafolha de ontem, a
eleição de São Paulo começa a ficar
embolada. As certezas diminuem, as
dúvidas aumentam.
Francisco Rossi parece ter esgotado
seu potencial. Quem não promete não
se compromete. No meio da campanha, passa. No final, assusta. Além
disso, ele está sem tempo na TV.
Resultado: Paulo Maluf disputa a
dianteira, Mário Covas ganha alento
com mais três pontos percentuais e
Marta Suplicy vai se afirmando com
mais dois.
Pelas avaliações da campanha de
Maluf, 60% dos eleitores de Rossi admitem trocar de candidato. Isso significa que seu favoritismo está sustentado nos outros 40%. Leia-se: 40% de
25% do total de eleitores.
Sua candidatura, portanto, é tão sólida quanto os prédios de Sérgio Naya.
Maluf, ao contrário, mostra consistência. Neutralizou as críticas dos adversários ao assumir os erros de Celso
Pitta e o "rouba, mas faz" ademarista.
Com dois lances, atraiu para São
Paulo a polarização FHC-Lula. Primeiro, tirou o capital de giro eleitoral
de Covas grudando sua própria imagem à de FHC nos "outdoors". Depois
empurrou Rossi para Lula no debate
da TV Bandeirantes.
Falta agora bater em Rossi, mas no
limite certo. Se bater de menos, Rossi
pode ir muito forte para o segundo
turno. Se bater demais, a queda de
Rossi pode levar Covas para o segundo
turno. Tudo o que Maluf não quer.
Com a crise, a tendência do eleitorado (vide subida de FHC) é evitar aventuras e mudanças bruscas, como teme
em Lula e pode estender a Rossi. Nesse
caso, a crise favoreceria a austeridade
(de Covas) e a experiência administrativa (dele e de Maluf).
O desafio de Covas é casar o discurso
com o momento. O de Marta é vencer
a falta de experiência administrativa.
O de Rossi é ter idéias para enfrentar a
crise. Aliás, para qualquer coisa.
E o de Maluf? Como sempre, é derrotar os seus arraigados índices de rejeição. Ou seja: é vencer ele mesmo.
A crise vem de fora para dentro. A
nova ofensiva do MST começa de dentro para fora. O encontro das duas ondas é mais forte do que pororoca.
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