São Paulo, segunda-feira, 06 de outubro de 2008

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Choque de gestões

Espera-se que Marta Suplicy e Gilberto Kassab confrontem experiências e propostas de governo de modo mais franco

CONFIRMADO ontem nas urnas, o embate decisivo entre Marta Suplicy (PT) e Gilberto Kassab (DEM) pela Prefeitura de São Paulo, daqui a três semanas, pode ser lido sob alguns diapasões.
Será uma preliminar da disputa pelo Planalto de 2010, pois estarão em campos opostos o PT do presidente Lula, e a aliança DEM-PSDB, patrocinada pelo governador José Serra. Será um teste de fogo para a afirmação de Kassab, bem como para o futuro de seu partido, que encontra dificuldades para formar quadros de projeção nacional. Será um desafio político para Marta Suplicy, que luta contra uma taxa de rejeição elevada e é cotada, dentro de sua sigla, para concorrer a postos de maior vulto daqui a dois anos.
Já do ponto de vista do eleitor paulistano -aspecto que será preponderante para a organização das campanhas ao longo do segundo turno-, o confronto entre Marta Suplicy e Gilberto Kassab assumirá a forma de um choque de gestões. É apenas natural que seja assim, pois estarão frente a frente o atual prefeito e a candidata que governou a cidade de 2001 a 2004.
Nesse cotejo administrativo, as vantagens de Marta Suplicy estão ligadas ao fato de ter lançado iniciativas que foram aprovadas pela população, como o bilhete único, nos transportes, e os chamados escolões, implantados nas áreas mais carentes da cidade. Os trunfos da administração que Kassab passou a comandar após a saída de Serra começam pelo reconhecimento das ações positivas da gestão petista, que foram mantidas ou expandidas.
A melhora nas finanças da prefeitura permitiu à atual gestão ampliar o alcance das políticas e das obras públicas. Talvez por isso, no embalo da onda continuísta que se verifica em várias cidades brasileiras importantes, um governante pouco tarimbado como Gilberto Kassab tenha terminado o primeiro turno ligeiramente à frente de uma liderança mais experiente, como Marta Suplicy, cuja gestão terminou bem avaliada pela população.
O que se espera nesta fase da campanha é que os candidatos se abram para um diálogo mais franco entre si e com os eleitores. Para tanto, a comparação entre feitos e promessas dos dois postulantes não pode ser deixada apenas aos marqueteiros, nem aos enfadonhos panegíricos do horário eleitoral gratuito.
No segundo turno, as barreiras legais já não servem como escudo para impedir um confronto livre e direto entre os adversários. São Paulo poderia dar o exemplo e inaugurar uma fase de debates abertos e críticos com os políticos que querem governar a maior cidade do país nos próximos quatro anos.


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