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A LÓGICA DE SHARON
A decisão do premiê de Israel,
Ariel Sharon, de dissolver o
Parlamento e convocar novas eleições dentro de uns 90 dias segue a lógica do "dividir para reinar".
As pesquisas de intenção de voto
dão ao seu partido, o Likud (direita),
uma boa vantagem sobre seus principais rivais, os trabalhistas (centro-esquerda). Marcando o novo pleito
para fins de janeiro ou início de fevereiro, Sharon restringe as chances de
os trabalhistas, que na semana passada abandonaram o gabinete de
união nacional, crescerem fazendo
oposição ao governo (o ideal, para os
trabalhistas, seria que as eleições
acontecessem em maio ou junho). O
premiê ficaria assim, teoricamente,
com uma preocupação a menos.
Sem ter de inquietar-se com os trabalhistas, Sharon ficaria livre para
tentar anular a ação de seus rivais
dentro do próprio Likud. O principal
deles é o ex-premiê Binyamin "Bibi"
Netanyahu, que deverá, nas próximas primárias do partido, desafiar a
liderança de Sharon e assim ter a
chance de voltar a ser primeiro-ministro. Bibi, vale notar, hoje defende
posições ainda mais duras que as de
Sharon, já visto fora de Israel como
um linha-dura.
Aparentemente, Sharon acredita
que, estando à frente do governo,
conseguirá neutralizar Bibi. Tanto é
assim que convidou o rival -e ele
aceitou- para ocupar o Ministério
das Relações Exteriores, que estava
com o trabalhista Shimon Peres antes do rompimento da coalizão.
Ainda que a política israelense
sempre reserve surpresas, ao que tudo indica o Likud surgirá, no início
do próximo ano, como o partido
vencedor. Em termos de negociações
de paz, essa não é uma perspectiva
muito animadora. Na melhor das hipóteses, Sharon vence e tudo permanece mais ou menos como está. Na
pior, com Bibi, ganha e pode levar o
governo ainda mais para a direita.
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