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VERGONHA AMBIENTAL
Deveria ser motivo de vergonha para os paulistanos constatar que, no início do século 21, o
maior centro urbano sul-americano
ainda recicla pífio 0,03% de todo o lixo que produz. Dispondo, há muito,
de tecnologia e mão-de-obra para
reaproveitar até 40% desse total, a
inércia da cidade nesse quesito ambientalmente relevante só pode ser
explicada pela inépcia de suas sucessivas administrações.
Um dos compromissos da prefeita
Marta Suplicy é o de aumentar de forma relevante a reciclagem do lixo
paulistano. E o seu projeto é dos
mais interessantes entre outras razões porque pretende mobilizar uma
massa de "catadores" organizados
em cooperativas que hoje já exercem
essa atividade por iniciativa isolada.
O problema é que esse projeto praticamente ainda não saiu do papel. O
plano da Secretaria de Serviços e
Obras era o de instalar sete centros
de triagem de resíduos recicláveis até
o fim deste ano. Mas apenas uma
dessas unidades deverá ser finalizada
proximamente, para ser inaugurada
em janeiro. A administração alega
dificuldades com o processo licitatório como fundamento para o atraso.
No projeto que prevê a criação de
uma taxa específica para a coleta do
lixo na capital, recentemente submetido à Câmara Municipal, estão previstos descontos para o cidadão que
destina parte do seu lixo para a reciclagem. Sem embargo dos problemas subjacentes à implantação da
nova taxa, esse estímulo econômico
pode ser importante para induzir nas
famílias o hábito da separação do lixo que produz, fundamental para a
massificação da reciclagem.
O reaproveitamento dos resíduos
sólidos proporciona evidentes ganhos ambientais para uma cidade do
porte de São Paulo, cujas dificuldades para o armazenamento do lixo
crescem exponencialmente. Além
disso, a reciclagem pode ser articulada a programas sociais como os de
renda mínima e de microcrédito,
possibilitando a melhoria da qualidade de vida de muitas famílias hoje
na pobreza. Passa da hora de São
Paulo tratar o tema como prioridade.
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