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LUCIANO MENDES DE ALMEIDA
Um outro mundo
Que mundo podemos juntos
construir? Há muita miséria e
muita violência na história da humanidade. Não será possível um mundo
diferente?
Sabemos que o universo não surgiu
do nada. Nem seria admissível, à luz
da razão, pois "do nada, nada vem".
Desde toda a eternidade, Deus, o Ser
Perfeito é. Dele, por amor, provêm,
pela criação, todos os seres. As pessoas
humanas somos, assim, criadas por
Deus, que coloca no horizonte de nossa vida a felicidade na comunhão plena entre nós e com Ele. A história
mostra, no entanto, que a liberdade
humana enveredou por caminhos
contraditórios. Ao lado das grandes
virtudes e conquistas, como o amor e
a dedicação ao próximo, a trajetória
da humanidade ficou marcada pela
cobiça, pelo ódio e pela cultura da
morte.
A situação atual do mundo é fruto
do confronto entre as liberdades,
quando se misturam gestos de bondade e de doação com rivalidades, conflitos, frustração e desespero. Basta recordar os eventos do último século:
grandes avanços científicos, como na
medicina e nas comunicações, e, ao
mesmo tempo, a inexplicável sucessão de guerras fratricidas, a invenção
da bomba atômica, a prepotência militar das grandes nações e os atos de
terrorismo.
Paira sobre nós a incerteza sobre o
futuro devido às decepções do início
do milênio, atingido por inúmeros
atentados contra a vida e a paz. Outro
mundo é necessário.
Precisamos reencontrar Deus e o
seu projeto de felicidade. É nesse contexto que a fé cristã nos ilumina e revela a vinda de Jesus, Filho de Deus, em
nossa história. Veio para vencer o mal
e abrir caminhos de vida plena para a
humanidade.
O tempo litúrgico do Advento, neste
mês de dezembro, propõe de novo a
surpreendente entrada de Jesus em
nosso meio, anunciando o Evangelho
da Salvação. Proclama a reconciliação
e a felicidade oferecidas por Deus, que
perdoa o pecado e nos ajuda já nesta
vida a promover a convivência humana na concórdia e na paz.
Diante dos graves desafios, precisamos abrir o coração e acolher os ensinamentos e os auxílios que Jesus Cristo ofereceu à humanidade.
A miséria e a fome podem ser superadas se nos educarmos para a fraternidade que nos levará a partilhar o
pão com os irmãos. Temos de eliminar a cobiça, a acumulação doentia de
bens, a disparidade social e a corrupção com atitudes de solidariedade fraterna, assegurando a todos o conveniente para a vida.
Jesus Cristo nos manifesta que, no
Reino de Deus, somos todos irmãos,
sem exclusão, abolindo barreiras e
distâncias. Revela-nos a força do amor
que é capaz de perdão. Só assim será
possível vencer o ódio e construir a
paz. Para conseguir alimento para a
humanidade e fazer que cesse a violência urbana, rural e dos conflitos armados, são necessárias leis adequadas, políticas públicas e acordos internacionais. No entanto há algo mais
profundo e indispensável. É reconhecer a prioridade da presença de Deus,
fundamento da dignidade de cada
pessoa, de justiça e de paz. Sem Deus
não conseguiremos construir o outro
mundo que queremos.
É preciso acolher com fé e alegria o
desígnio divino, que nos salva pela entrada de seu Filho Jesus na história. Ele
vem e oferece ao mundo, na fome a na
violência, a lição do amor, da partilha
e do perdão. Se aprendermos a amar
como Cristo nos ensina, então, outro
mundo será possível.
Dom Luciano Mendes de Almeida escreve aos
sábados nesta coluna.
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