São Paulo, terça-feira, 07 de janeiro de 2003

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OTIMISMO CAUTELOSO

Parece que se vai construindo um ambiente interno menos intranquilo com relação à gestão da economia brasileira. O real valorizou-se, o risco-país caiu e o índice Bovespa subiu. O recuo da taxa de câmbio deve aliviar a situação das empresas endividadas em dólar.
Contribuindo para o otimismo, o Bradesco realizou uma captação de US$ 50 milhões no mercado de eurobônus. Há outras operações engatilhadas que somam US$ 535 milhões, ultrapassando os vencimento da dívida externa privada durante o mês de janeiro. Os investidores estrangeiros emitem sinais de que irão reorganizar suas carteiras de investimento, após fechar o ano passado com baixa exposição ao risco Brasil.
Assim, o acesso de empresas e bancos nacionais ao mercado financeiro internacional indica uma menor restrição ao crédito externo. Será lamentável se esse otimismo propiciar um novo processo de endividamento em moeda estrangeira, mediante arbitragens de taxas de juros. Nesses movimentos, os investidores realizam captações no mercado internacional, onde as taxas de juros flutuam em torno de 6% ao ano, e aplicam no mercado doméstico, onde a taxa de juros básica está em 25%. Não deveria também impedir o governo e as lideranças empresariais de promover a reestruturação produtiva, a fim de gerar saldos comerciais expressivos e contas externas mais favoráveis. Nesse sentido, seria importante aperfeiçoar os mecanismos de financiamento doméstico, tornando a economia brasileira menos dependente dos humores do sistema financeiro internacional.
Além disso, a conjuntura externa ainda é bastante preocupante, com a perspectiva de uma invasão norte-americana do Iraque e do aprofundamento da crise na Venezuela. Portanto, há que temperar o otimismo com uma relativa cautela.


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