|
Próximo Texto | Índice
OTIMISMO CAUTELOSO
Parece que se vai construindo
um ambiente interno menos intranquilo com relação à gestão da
economia brasileira. O real valorizou-se, o risco-país caiu e o índice
Bovespa subiu. O recuo da taxa de
câmbio deve aliviar a situação das
empresas endividadas em dólar.
Contribuindo para o otimismo, o
Bradesco realizou uma captação de
US$ 50 milhões no mercado de eurobônus. Há outras operações engatilhadas que somam US$ 535 milhões,
ultrapassando os vencimento da dívida externa privada durante o mês
de janeiro. Os investidores estrangeiros emitem sinais de que irão reorganizar suas carteiras de investimento,
após fechar o ano passado com baixa
exposição ao risco Brasil.
Assim, o acesso de empresas e bancos nacionais ao mercado financeiro
internacional indica uma menor restrição ao crédito externo. Será lamentável se esse otimismo propiciar
um novo processo de endividamento
em moeda estrangeira, mediante arbitragens de taxas de juros. Nesses
movimentos, os investidores realizam captações no mercado internacional, onde as taxas de juros flutuam em torno de 6% ao ano, e aplicam no mercado doméstico, onde a
taxa de juros básica está em 25%.
Não deveria também impedir o governo e as lideranças empresariais de
promover a reestruturação produtiva, a fim de gerar saldos comerciais
expressivos e contas externas mais
favoráveis. Nesse sentido, seria importante aperfeiçoar os mecanismos
de financiamento doméstico, tornando a economia brasileira menos
dependente dos humores do sistema
financeiro internacional.
Além disso, a conjuntura externa
ainda é bastante preocupante, com a
perspectiva de uma invasão norte-americana do Iraque e do aprofundamento da crise na Venezuela. Portanto, há que temperar o otimismo com
uma relativa cautela.
Próximo Texto: Editoriais: TUDO PELO SOCIAL Índice
|