São Paulo, sábado, 07 de fevereiro de 2004

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RISCO NAS BOLSAS

O Federal Reserve (banco central dos EUA) tem mantido a taxa de juro básica em 1% como forma de se contrapor à desaceleração econômica relacionada com os efeitos da desvalorização de ativos mobiliários após o fim da bolha da "nova economia", em março de 2000. A política do Fed parece estar impulsionando uma revalorização das Bolsas. Descontando-se a inflação esperada para o próximo ano, a taxa de juros em títulos do Tesouro dos EUA é de apenas 2,5%. Isso reduziu a aversão ao risco e dirigiu investidores para o mercado acionário.
A alta tem sido forte. O índice Standard & Poor's 500, da Bolsa de Nova York, por exemplo, ascendeu 46% desde março de 2003. Entretanto, é disparatada a relação entre os preços das ações negociadas e os lucros das corporações. Segundo, Robert Shiller, professor da Universidade Yale, essa relação estaria mais de 70% acima da média histórica, o que lança dúvidas sobre o futuro.
Os mais otimistas acreditam que o aumento da lucratividade das empresas, associada com a introdução de progressos técnicos e os elevados ganhos de produtividade, validará as cotações das ações. É verdade que os lucros das corporações americanas aumentaram 9,9% no terceiro trimestre de 2003 (último dado disponível) e o volume de lucros em relação ao PIB ultrapassou 10,1% no terceiro trimestre de 2003, superando a média histórica de 8,4%.
De todo modo, a sustentabilidade desses movimentos, garantindo a permanência de alto retorno para o capital corporativo, parece exigir elevadas taxas de crescimento econômico. Isso requer um "boom" de investimento, que ainda não se configurou. Entre o terceiro e o quarto trimestre de 2004, os investimentos em equipamentos e software caíram, bem como as vendas finais de computadores. Os gastos em estruturas industriais também recuaram no quarto trimestre. É um quadro, portanto, que inspira cautela. Há riscos de a valorização excessiva das Bolsas -que seria uma bolha- desencadear uma correção de preços.


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