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VIOLÊNCIA NA FEBEM
O governo do Estado de São
Paulo tem procurado divulgar
a idéia de que a gestão das unidades
da Febem caminha para um modelo
rigoroso, porém livre dos excessos a
que os adolescentes infratores rotineiramente eram submetidos. Todavia imagens e fotos feitas pelo Ministério Público (MP) na unidade de Ribeirão Preto sugerem que a prometida civilidade ainda não está sendo
devidamente praticada.
Desde julho do ano passado, foi a
terceira vez que a Promotoria flagrou
marcas de maus-tratos em internos.
Cerca de 120 deles afirmaram ao MP
terem sido vítimas de agressões após
uma revista realizada pelo Grupo de
Apoio, conhecido na instituição pelo
significativo nome de "choquinho".
Compreende-se que uma população acossada pela violência, não raro
praticada por menores, tenda a dar
pouca atenção a considerações acerca de como pessoas presas ou internadas devam ser tratadas. Aos olhos
de muitos que foram vítimas do crime ou que vivem assustados com essa perspectiva, pouco importa que
delito foi cometido: todos os infratores parecem merecer o pior tratamento possível.
É como se maltratar presos e menores infratores resolvesse a questão
-ou como se a função dos órgãos
de segurança fosse saciar desejos de
vingança. Esse tipo de visão serve
apenas para insuflar o arbítrio no sistema policial e prisional, estimulando e absolvendo aqueles que acreditam que leis e direitos são meras formalidades, podendo ser desrespeitados em nome de uma perigosa noção de exercício de autoridade.
Não cabe ao poder público, evidentemente, tratar infratores, menores
ou não, com mesuras. Eles devem
ser submetidos rigorosamente às
sanções previstas. E não consta que
entre elas se encontrem agressões
sistemáticas praticadas por funcionários a serviço do governo.
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