São Paulo, sábado, 07 de fevereiro de 2004

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LUCIANO MENDES DE ALMEIDA

A paz vencerá, se houver diálogo

No dia 31 de janeiro, o Santo Padre recebeu em audiência dez mil jovens de várias cidades da Itália, do Brasil, da Jordânia e de outros países onde atua o Serviço Missionário Jovem, fundado em Turim, há 40 anos.
Manhã inesquecível na sala Paulo 6º, onde o entusiasmo dos jovens se manifestava na beleza das centenas de bandeiras da paz, na alegria dos cantos, acompanhados de orquestra e de aplausos.
A audiência era uma homenagem ao Papa João Paulo 2º pelo incansável empenho em favor da paz. Os jovens, liderados por Ernesto Olivero, apresentavam a proposta da "Universidade do Diálogo". Trata-se de uma iniciativa pioneira, fruto das esperanças da juventude que rejeita a guerra, o terrorismo e todo recurso à violência e que não aceita discriminações, fundamentalismo e ditaduras.
A idéia surgiu aos poucos e se consolidou como um esforço permanente para viver a paz, libertando a humanidade do ódio, do egoísmo e da injustiça.
O diálogo é escolhido como o único caminho digno para resolver conflitos e tensões. Deve tornar-se um estilo de vida que eduque os jovens para o respeito recíproco e para a busca conjunta da verdade. A "Universidade do Diálogo" é itinerante. Não tem sede estável. Precisa acontecer em todas as partes do mundo, a começar pelos lugares onde é mais urgente a necessidade de vencer hostilidades, de superar distâncias e de reconciliar os ânimos.
A proposta dos "jovens da paz" é a de promover, pelo diálogo, os direitos humanos universais, especialmente a liberdade de consciência, a religiosa e a política, a convivência entre as culturas, povos e religiões, o compromisso com o bem comum e a solidariedade. Na saudação ao Santo Padre, Ernesto Olivero expressou o anseio da juventude de dizer basta à prepotência da força. O diálogo é a esperança da paz, de uma "terra amiga", na qual ninguém seja estrangeiro e onde haja para todos a vida digna que nasce do amor, do perdão e da partilha.
Mas o diálogo será fruto da educação que ensine o respeito às convicções de cada um, a disposição para ouvir e entender as razões dos outros, para saber discutir as próprias idéias e procurar em comum a verdade. Temos todos, judeus, muçulmanos, cristãos, crentes e não-crentes, de aprender a dialogar. Quando iremos viver como irmãos, respeitando nos outros a dignidade de filhos de Deus e promovendo a liberdade, a justiça e a concórdia para todo homem e mulher?
Diante da bela manifestação dos jovens, o Papa João Paulo 2º agradeceu o testemunho de esperança de tempos novos para a humanidade, afirmando que, se "a paz é possível, é então um dever empenhar-se para realizá-la".
O Santo Padre deu, assim, a aula inaugural da "Universidade do Diálogo". Abençoou os jovens e exortou-os a não terem medo do futuro e a serem eles mesmos os construtores da paz.
Após a audiência, os milhares de jovens reuniram-se na Basílica de São Pedro para a celebração da Eucaristia. Pediram a proteção divina a fim de assumir, com novo ardor, a missão de anunciar a Boa Nova da Paz. Cresceu em todos a convicção de que, na medida em que nos abrirmos ao diálogo sincero e fraterno, a paz vencerá.


Dom Luciano Mendes de Almeida escreve aos sábados nesta coluna.


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