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LUCIANO MENDES DE ALMEIDA
A paz vencerá, se houver diálogo
No dia 31 de janeiro, o Santo Padre recebeu em audiência dez mil
jovens de várias cidades da Itália, do
Brasil, da Jordânia e de outros países
onde atua o Serviço Missionário Jovem, fundado em Turim, há 40 anos.
Manhã inesquecível na sala Paulo 6º,
onde o entusiasmo dos jovens se manifestava na beleza das centenas de
bandeiras da paz, na alegria dos cantos, acompanhados de orquestra e de
aplausos.
A audiência era uma homenagem ao
Papa João Paulo 2º pelo incansável
empenho em favor da paz. Os jovens,
liderados por Ernesto Olivero, apresentavam a proposta da "Universidade do Diálogo". Trata-se de uma iniciativa pioneira, fruto das esperanças
da juventude que rejeita a guerra, o
terrorismo e todo recurso à violência e
que não aceita discriminações, fundamentalismo e ditaduras.
A idéia surgiu aos poucos e se consolidou como um esforço permanente
para viver a paz, libertando a humanidade do ódio, do egoísmo e da injustiça.
O diálogo é escolhido como o único
caminho digno para resolver conflitos
e tensões. Deve tornar-se um estilo de
vida que eduque os jovens para o respeito recíproco e para a busca conjunta da verdade. A "Universidade do
Diálogo" é itinerante. Não tem sede
estável. Precisa acontecer em todas as
partes do mundo, a começar pelos lugares onde é mais urgente a necessidade de vencer hostilidades, de superar
distâncias e de reconciliar os ânimos.
A proposta dos "jovens da paz" é a
de promover, pelo diálogo, os direitos
humanos universais, especialmente a
liberdade de consciência, a religiosa e
a política, a convivência entre as culturas, povos e religiões, o compromisso
com o bem comum e a solidariedade.
Na saudação ao Santo Padre, Ernesto
Olivero expressou o anseio da juventude de dizer basta à prepotência da
força. O diálogo é a esperança da paz,
de uma "terra amiga", na qual ninguém seja estrangeiro e onde haja para todos a vida digna que nasce do
amor, do perdão e da partilha.
Mas o diálogo será fruto da educação que ensine o respeito às convicções de cada um, a disposição para ouvir e entender as razões dos outros,
para saber discutir as próprias idéias e
procurar em comum a verdade. Temos todos, judeus, muçulmanos, cristãos, crentes e não-crentes, de aprender a dialogar. Quando iremos viver
como irmãos, respeitando nos outros
a dignidade de filhos de Deus e promovendo a liberdade, a justiça e a concórdia para todo homem e mulher?
Diante da bela manifestação dos jovens, o Papa João Paulo 2º agradeceu
o testemunho de esperança de tempos
novos para a humanidade, afirmando
que, se "a paz é possível, é então um
dever empenhar-se para realizá-la".
O Santo Padre deu, assim, a aula
inaugural da "Universidade do Diálogo". Abençoou os jovens e exortou-os
a não terem medo do futuro e a serem
eles mesmos os construtores da paz.
Após a audiência, os milhares de jovens reuniram-se na Basílica de São
Pedro para a celebração da Eucaristia.
Pediram a proteção divina a fim de assumir, com novo ardor, a missão de
anunciar a Boa Nova da Paz. Cresceu
em todos a convicção de que, na medida em que nos abrirmos ao diálogo
sincero e fraterno, a paz vencerá.
Dom Luciano Mendes de Almeida escreve aos
sábados nesta coluna.
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