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São Paulo, sexta-feira, 07 de março de 2003

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GUERRA SEM FIM

Depois de uma trégua de dois meses, o terror palestino voltou a atacar em Israel. Desta vez, um homem-bomba explodiu um ônibus em Haifa -cidade do norte do país, conhecida pelas boas relações entre judeus e muçulmanos-, matando pelo menos 15 pessoas e deixando cerca de 50 feridos. A resposta israelense não tardou. Uma incursão do Exército em campo de refugiados em Gaza deixou pelo menos 11 palestinos mortos e dezenas de feridos.
Apesar de os dois lados darem a impressão oposta, a solução militar para o conflito é inaplicável. Nem israelenses eliminarão os palestinos, nem palestinos empurrarão os israelenses para o mar. Os dois povos seguirão vivendo lado a lado, em guerra, como hoje, ou em paz, como a maioria das duas populações deseja.
E o tempo, neste caso, trabalha para piorar as coisas. Relatório divulgado pelo Banco Mundial mostra que, desde o início da nova Intifada, a revolta palestina contra a ocupação israelense, em setembro de 2000, o número de palestinos pobres triplicou. Passou de 21% da população para 60%, em dezembro de 2002. Essa catástrofe econômica, como é evidente, apenas contribui para fomentar o sentimento de indignação e desespero que transforma alguns jovens palestinos em terroristas suicidas.
Para que essa situação possa ser revertida e a paz, restabelecida, é preciso que os líderes das duas partes estejam realmente dispostos a negociar. Infelizmente, não é o que acontece hoje. Cada lado culpa a liderança do outro pelo colapso das conversações e não se empenha muito em recriar o ambiente para a retomada do diálogo. Para o primeiro-ministro israelense, Ariel Sharon, o presidente da Autoridade Nacional Palestina, Iasser Arafat, é um terrorista incorrigível com o qual não se pode conversar. Para Arafat, Sharon não passa de um general truculento responsável por inúmeros massacres.
Enquanto Sharon e Arafat -ou outros que venham a substituí-los- não tiverem a grandeza de remir o passado e sentar-se à mesa de negociações, o Oriente Médio não conhecerá a paz, para desespero cada vez maior de dois povos aterrorizados.


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