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CLÓVIS ROSSI
Muita reflexão, pouca ação
SÃO PAULO - Por mais birra que eu tenha de formulações teóricas para
responder a problemas concretos, sou
obrigado a reconhecer que Tarso
Genro, falando mais como petista do
que como secretário-executivo do
Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, tem razão em pelo
menos um ponto.
Trata-se da resposta ao crescente
desconforto de muito petista de carteirinha e de coração com uma política econômica absolutamente igual à
do governo anterior, que era tão criticada pelo PT.
Tarso lembra que a esquerda não
tem no seu acervo uma experiência
anterior de transição de um modelo
para outro que não fosse de ruptura
radical.
O que estaria em curso, na visão de
Tarso, que suponho seja a do governo
em geral, "é um processo de acumulação para produzir uma transição
ordenada do modelo neoliberal para
outro modelo".
No fundo, o que o comando do PT
teme é dar razão à profecia de seus
opositores, segundo a qual o partido
não conseguiria fazer a transição
sem produzir anarquia econômica.
Até agora não houve anarquia,
mas tampouco houve transição.
Quando ela começa? Essa resposta
ninguém vai arrancar dos petistas
nem sob tortura.
O que, sim, dá para adiantar
-porque confirmado por mais de
uma fonte palaciana-, é que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não
quer mais concordar com aumentos
de juros. Se e quando chegar o momento de dizer não nesse capítulo, aí,
sim, estará começando a transição
para um plano B, que ninguém ainda apresentou ao presidente.
"Não há nenhuma comissão de plano B", ironiza Tarso. Completa: "O
que há é uma reflexão permanente
para criar condições para reduzir os
juros e estimular o crescimento da
economia".
Então tá. Mas é preciso saber quando a "reflexão" deixa de ser permanente e vira ação.
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