São Paulo, quarta-feira, 07 de março de 2007

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Fabricação acelerada de máquinas e outros bens para ampliar a produção torna improvável uma nova alta da inflação

O RESULTADO da produção industrial em janeiro, divulgado ontem pelo IBGE, se não merece comemoração, tampouco deixa de confirmar aspectos positivos já há alguns meses presentes na trajetória da indústria.
Sobre o nível da produção verificado em dezembro, não houve variação significativa. Na comparação entre o que foi fabricado no país no primeiro mês de 2006 e o produto de janeiro de 2007, no entanto, houve alta de 4,5%.
Trata-se, nesse último caso, da primeira prévia de um efeito estatístico que tenderá a repetir-se conforme venham sendo divulgados os indicadores econômicos deste ano. Como o país encerrou 2006 em relativa aceleração, um crescimento modesto ou até a mera manutenção do nível de atividade neste início de 2007 propiciarão contrastes, às vezes de larga margem, com os primeiros meses do ano passado.
O que mais interessa neste momento, no entanto, não são as sutilezas da estatística, mas saber se a economia brasileira será capaz de crescer, mês a mês, sem pressões inflacionárias. A pesquisa divulgada pelo IBGE traz boas notícias a esse respeito.
A estagnação da indústria em seu conjunto não se repetiu no caso das mercadorias que as empresas adquirem para ampliar sua capacidade de produzir. Os chamados bens de capital, com destaque para máquinas e equipamentos, cresceram em janeiro à taxa de 1,7% sobre dezembro (ritmo anualizado de 22%) e, assim, conservam-se na vanguarda da expansão industrial -a produção dessas mercadorias no mês retrasado foi 18% maior do que a de janeiro de 2007.
Não poderia haver situação mais confortável para as autoridades responsáveis pela política monetária. Uma alta da inflação se torna improvável quando as empresas ampliam a capacidade de oferta, antecipando-se ao crescimento da procura. Esse fator -aliado ao real valorizado, que favorece o controle dos preços via importações- vai ajudando a baixar, semana após semana, as expectativas de mercado para a inflação de 2007.
A expansão fabril, vale lembrar, tem sido bastante irregular se considerados os diversos ramos de atividade. Os juros -e por extensão o câmbio- fora de lugar têm propiciado estagnação crônica, quando não recessão, em segmentos como o de calçados e vestuário. Acelerar a redução da taxa Selic, além de tecnicamente justificável, significaria ampliar as chances de o crescimento econômico tornar-se mais harmonioso e sustentável.


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