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Fabricação acelerada de máquinas e outros bens para ampliar a produção torna improvável uma
nova alta da inflação
O RESULTADO da produção industrial em janeiro, divulgado ontem pelo IBGE, se não
merece comemoração, tampouco deixa de confirmar aspectos
positivos já há alguns meses presentes na trajetória da indústria.
Sobre o nível da produção verificado em dezembro, não houve
variação significativa. Na comparação entre o
que foi fabricado no país no
primeiro mês
de 2006 e o produto de janeiro
de 2007, no entanto, houve alta de 4,5%.
Trata-se, nesse último caso,
da primeira
prévia de um
efeito estatístico que tenderá
a repetir-se conforme venham
sendo divulgados os indicadores
econômicos deste ano. Como o
país encerrou 2006 em relativa
aceleração, um crescimento modesto ou até a mera manutenção
do nível de atividade neste início
de 2007 propiciarão contrastes,
às vezes de larga margem, com os
primeiros meses do ano passado.
O que mais interessa neste momento, no entanto, não são as sutilezas da estatística, mas saber
se a economia brasileira será capaz de crescer, mês a mês, sem
pressões inflacionárias. A pesquisa divulgada pelo IBGE traz
boas notícias a esse respeito.
A estagnação da indústria em
seu conjunto não se repetiu no
caso das mercadorias que as empresas adquirem para ampliar
sua capacidade de produzir. Os
chamados bens de capital, com
destaque para máquinas e equipamentos, cresceram em janeiro
à taxa de 1,7% sobre dezembro
(ritmo anualizado de 22%) e, assim, conservam-se na vanguarda
da expansão industrial -a produção dessas mercadorias no
mês retrasado foi 18% maior do
que a de janeiro de 2007.
Não poderia haver situação
mais confortável para as autoridades responsáveis pela política
monetária. Uma alta da inflação
se torna improvável quando as
empresas ampliam a capacidade de oferta,
antecipando-se
ao crescimento
da procura. Esse
fator -aliado ao
real valorizado,
que favorece o
controle dos
preços via importações- vai
ajudando a baixar, semana após semana, as expectativas de mercado para a inflação de 2007.
A expansão fabril, vale lembrar, tem sido bastante irregular
se considerados os diversos ramos de atividade. Os juros -e
por extensão o câmbio- fora de
lugar têm propiciado estagnação
crônica, quando não recessão,
em segmentos como o de calçados e vestuário. Acelerar a redução da taxa Selic, além de tecnicamente justificável, significaria
ampliar as chances de o crescimento econômico tornar-se
mais harmonioso e sustentável.
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