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ELIANE CANTANHÊDE
"Efeito profilático"
BRASÍLIA - Ao justificar o seu voto a favor de manter na cadeia o governador afastado do DF, José Roberto Arruda, o ministro Carlos Ayres Britto, do Supremo Tribunal
Federal, comemorou o "efeito profilático" da prisão.
"Dói na alma e no coração ver um
governador sair direto do palácio
para a cadeia, mas há quem chegue
às maiores alturas para cometer as
maiores baixezas", disse Britto.
Arruda transforma-se, assim,
num símbolo de poderoso que levou o que merecia, pois exagerou na
dose na campanha, ao assumir o governo e ao se ver sob investigação.
Chegou às alturas do poder, para
tentar cometer até a baixeza de corromper testemunhas.
O ministro manda, dessa forma,
um aviso a atuais e futuros governadores e homens públicos: ponham
as barbas de molho. Faltou acrescentar: "a partir de agora". Porque
não tem sido bem assim, e o caso
Arruda abre um precedente em
momento ideal: no ano das eleições
presidenciais e gerais.
Ele não está preso (ainda) pelo dinheiro em meias, cuecas e bolsas, e
sim por obstrução da Justiça. Mas
não custa lembrar que seu filme de
horrores começa exatamente em
2006, com um provável caixa dois
de campanha que, como o próprio
presidente da República já disse, todo mundo faz. Só que, dali para o
governo e para a corrupção pura e
simples, foi como costuma ser: um
pulo -e de gato.
A decisão do Supremo corrobora
a prisão preventiva do STJ (Superior Tribunal de Justiça) e foi no dia
seguinte à decisão do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) que obriga
os partidos a detalhar a origem e o
destino das doações de campanha
-neste caso, condenada em uníssono por todos os partidos, do PT ao
DEM, do PSDB ao PTB.
Não deveriam. O TSE tenta evitar
que o STJ seja acionado e que o Supremo, mais uma vez, ou dezenas
de outras vezes, tenha de aplicar o
tal "efeito profilático". E sob aplausos dos eleitores de norte a sul.
elianec@uol.com.br
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