|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
CARLOS HEITOR CONY
Lagoa adormecida
RIO DE JANEIRO - Merecidamente um dos cartões postais da cidade, a Lagoa já viveu fases piores,
com a repetição da mesma tragédia
todos os anos e com a solução das
autoridades sempre adiada. Verdade seja dita, houve um grande intervalo, de uns 10 ou 12 anos, em que a
Lagoa chegou a ser dada como resolvida. Não faz muito tempo, foi
considerada livre para banhos, chegaram a afirmar que as águas não
seriam mais letais, podendo ser
consumida para uso doméstico -o
que foi um exagero que nem chegou
a ser testado pela população.
O fato é que, de repente, sem aviso prévio, apareceram os peixes
mortos, devido a causas que não foram razoavelmente explicadas, deixando os pescadores da região em
penúria e os moradores trancados
em casa, sem coragem de enfrentar
o ar contaminado.
A prefeitura andou rápido. Em
menos de dois dias a carniça foi removida, mas resta uma dúvida: e se
durante a Olimpíada, programadas
para 2016, o fato se repetir? Como
se sabe, a Lagoa foi escolhida para
diversas modalidades de esporte
náutico, como o remo, tradicionalmente uma das atrações olímpicas.
Seria uma vergonha suplementar
para nossas cores o cancelamento
das provas por motivo tão vexatório.
Pelo que sei, a causa do desastre
não chega a ser econômica. Muito
dinheiro já foi aplicado para solucionar o problema e não faltarão
verbas para novamente despoluir a
Lagoa. Mas os técnicos, pelo que parece, ainda não chegaram a uma
conclusão.
Culpam as altas marés do oceano,
as algas daninhas, os esgotos que ali
continuam sendo despejados clandestinamente -o que parece uma
aberração, afinal, a Lagoa não é tão
grande assim, uma fiscalização permanente poderia acabar com o problema. Enquanto os técnicos não
chegam a um resultado, a solução é
fechar as janelas.
Texto Anterior: Brasília - Eliane Cantanhêde: "Efeito profilático" Próximo Texto: Emílio Odebrecht: Sob os olhos do planeta Índice
|