São Paulo, domingo, 07 de março de 2010

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CARLOS HEITOR CONY

Lagoa adormecida

RIO DE JANEIRO - Merecidamente um dos cartões postais da cidade, a Lagoa já viveu fases piores, com a repetição da mesma tragédia todos os anos e com a solução das autoridades sempre adiada. Verdade seja dita, houve um grande intervalo, de uns 10 ou 12 anos, em que a Lagoa chegou a ser dada como resolvida. Não faz muito tempo, foi considerada livre para banhos, chegaram a afirmar que as águas não seriam mais letais, podendo ser consumida para uso doméstico -o que foi um exagero que nem chegou a ser testado pela população.
O fato é que, de repente, sem aviso prévio, apareceram os peixes mortos, devido a causas que não foram razoavelmente explicadas, deixando os pescadores da região em penúria e os moradores trancados em casa, sem coragem de enfrentar o ar contaminado.
A prefeitura andou rápido. Em menos de dois dias a carniça foi removida, mas resta uma dúvida: e se durante a Olimpíada, programadas para 2016, o fato se repetir? Como se sabe, a Lagoa foi escolhida para diversas modalidades de esporte náutico, como o remo, tradicionalmente uma das atrações olímpicas. Seria uma vergonha suplementar para nossas cores o cancelamento das provas por motivo tão vexatório.
Pelo que sei, a causa do desastre não chega a ser econômica. Muito dinheiro já foi aplicado para solucionar o problema e não faltarão verbas para novamente despoluir a Lagoa. Mas os técnicos, pelo que parece, ainda não chegaram a uma conclusão.
Culpam as altas marés do oceano, as algas daninhas, os esgotos que ali continuam sendo despejados clandestinamente -o que parece uma aberração, afinal, a Lagoa não é tão grande assim, uma fiscalização permanente poderia acabar com o problema. Enquanto os técnicos não chegam a um resultado, a solução é fechar as janelas.


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