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Balanço social: voluntário ou obrigatório?
HERBERT DE SOUZA
Em artigo recentemente publicado
pela Folha (29/3), o empresário Ricardo Young, do Pensamento Nacional
das Bases Empresariais, aprova a idéia
do balanço social e apresenta uma série
de propostas muito interessantes e importantes a serem consideradas.
Destaco duas delas. Primeiro, ele se
mostrou contra a existência de uma lei
que torne o balanço obrigatório e universal, como na França. Young defende
uma adesão voluntária por parte das
empresas.
Creio que essa é a solução ideal. Reflete uma disposição extremamente positiva por parte das empresas, uma das
condições para que essa idéia dê certo.
No entanto, a vantagem de uma lei é
representar legitimidade institucional.
Tudo depende da aceitação do empresariado. Em favor dessa tese, é cada
vez maior a consciência social nas empresas. Tanto para fora, nas relações
com a sociedade e o meio ambiente, como para dentro, nas relações de trabalho.
A segunda idéia também é importante. Ricardo Young sugere que o governo e as empresas estatais dêem exemplo, publicando balanços sociais.
Nada mais justo e necessário. Todas
as empresas estatais deveriam tornar transparente a
dimensão social. O
fato de serem públicas não garante
automaticamente
uma preocupação
com o tema. Ao
longo da história,
já foi percebido
que, muitas vezes,
essas instituições deturpam objetivos
de caráter social em prol de interesses
privados.
Tal idéia deve atingir principalmente
os governos municipais. Por natureza,
as prefeituras são sociais, mas, geralmente, privatizadas em suas práticas e
desligadas do interesse maior, da coletividade. Não custa
publicar um balanço social adaptado
às prefeituras.
Existe, portanto,
um campo aberto
para a convergência de projetos relativos ao balanço social, que devem ser
desenvolvidos o
quanto antes. Assim, haverá uma conexão com os inúmeros problemas sociais que o Estado,
sozinho, tem se revelado incapaz de resolver. A iniciativa privada, muitas vezes, não se sente comprometida com o
mundo em que vive e trabalha.
Cabe às empresas oferecer dados sobre as atividades no campo social a entidades autônomas e independentes da
sociedade civil. São imprescindíveis o
acompanhamento, a análise e a participação nesse esforço conjunto. O balanço social não pode ser uma peça de
marketing, mas uma demonstração
responsável de investimentos sociais
realizados pelas empresas.
A idéia precisa tornar-se realidade e
espalhar-se por todo o país. Nesse sentido, não importa quem é o pai ou a
mãe da idéia. Todos devem colaborar o
mais amplamente possível e com a
maior transparência junto ao público,
que é, em última análise, o beneficiado
final do balanço.
Herbert de Souza, 61, sociólogo, é articulador nacional da Ação da Cidadania
contra a Miséria e pela Vida e diretor-geral do Ibase (Instituto Brasileiro
de Análises Sociais e Econômicas).
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