São Paulo, quarta-feira, 07 de abril de 2004

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INFLAÇÃO EM QUEDA

A inflação está perdendo fôlego. É o que se constata ao observar os índices divulgados no início desta semana: a inflação ao consumidor de São Paulo e o IGP, ambos de março, e a primeira parcial do IGP-M de abril. Todos trouxeram sinais alentadores.
O resultado da inflação paulistana foi especialmente positivo. Os preços ao consumidor subiram apenas 0,12% no mês. Respondeu em parte pelo resultado um evento específico, a marcante queda dos preços dos combustíveis e do açúcar. Mas também pesou um fator mais geral, e tranqüilizador em relação às perspectivas da inflação: o baixo repasse das altas de preços no atacado para o consumidor.
Também o IGP, que mede uma cesta de preços do atacado, do varejo e da construção civil, trouxe números amplamente favoráveis. De fevereiro para março, o índice desacelerou de 1,08% para 0,93%, a despeito de um forte repique, sazonal, dos preços agrícolas no atacado.
Especialmente alvissareiro foi o comportamento dos preços industriais no atacado captado pelo IGP. Depois de figurarem como os grandes vilões da inflação nos últimos meses, eles desaceleraram fortemente em março: a alta mensal, que havia sido de 2,3% em fevereiro, despencou para 0,9%.
O arrefecimento do ímpeto de alta dos preços industriais no atacado -que foi confirmado pelos números da primeira parcial de abril do IGP-M- é um importante reforço da avaliação de que é muito remoto o risco de descumprimento da meta de inflação fixada para este ano, de 5,5%, com margem de variação de 2,5 pontos percentuais.
A desaceleração dos preços industriais no atacado está relacionada tanto à interrupção da alta das matérias-primas no mercado internacional, que estancou a pressão de custos que as indústrias vinham sofrendo, como ao baixo dinamismo das vendas no mercado interno.
As evidências de que as vendas domésticas ainda caminham devagar ganharam mais um reforço ontem: pesquisa da Fiesp apurou que, na avaliação dos empresários industriais paulistas, o desempenho do mercado interno no primeiro trimestre foi mais fraco do que se supunha.
Espera-se que a divulgação do IPCA de março, que mede a alta dos preços ao consumidor no conjunto das regiões metropolitanas do país, confirme o quadro de alívio. Segundo levantamento do Banco Central, bancos e consultorias prevêem uma alta de apenas 0,4%.
Caso essa expectativa seja confirmada, deverão crescer as apostas de que o BC cortará a taxa básica de juros daqui a uma semana. Fala-se numa redução quase simbólica, mais uma vez de 0,25 ponto percentual. Os dados de inflação sugerem, porém, que há condições para corte mais generoso, o que ajudaria a interromper outra tendência apurada pela pesquisa da Fiesp: a redução da confiança dos empresários no crescimento ao longo de 2004.


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