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INFLAÇÃO EM QUEDA
A inflação está perdendo fôlego. É o que se constata ao observar os índices divulgados no início
desta semana: a inflação ao consumidor de São Paulo e o IGP, ambos
de março, e a primeira parcial do
IGP-M de abril. Todos trouxeram sinais alentadores.
O resultado da inflação paulistana
foi especialmente positivo. Os preços ao consumidor subiram apenas
0,12% no mês. Respondeu em parte
pelo resultado um evento específico,
a marcante queda dos preços dos
combustíveis e do açúcar. Mas também pesou um fator mais geral, e
tranqüilizador em relação às perspectivas da inflação: o baixo repasse
das altas de preços no atacado para o
consumidor.
Também o IGP, que mede uma
cesta de preços do atacado, do varejo
e da construção civil, trouxe números amplamente favoráveis. De fevereiro para março, o índice desacelerou de 1,08% para 0,93%, a despeito
de um forte repique, sazonal, dos
preços agrícolas no atacado.
Especialmente alvissareiro foi o
comportamento dos preços industriais no atacado captado pelo IGP.
Depois de figurarem como os grandes vilões da inflação nos últimos
meses, eles desaceleraram fortemente em março: a alta mensal, que havia
sido de 2,3% em fevereiro, despencou para 0,9%.
O arrefecimento do ímpeto de alta
dos preços industriais no atacado
-que foi confirmado pelos números da primeira parcial de abril do
IGP-M- é um importante reforço
da avaliação de que é muito remoto o
risco de descumprimento da meta de
inflação fixada para este ano, de
5,5%, com margem de variação de
2,5 pontos percentuais.
A desaceleração dos preços industriais no atacado está relacionada
tanto à interrupção da alta das matérias-primas no mercado internacional, que estancou a pressão de custos
que as indústrias vinham sofrendo,
como ao baixo dinamismo das vendas no mercado interno.
As evidências de que as vendas domésticas ainda caminham devagar
ganharam mais um reforço ontem:
pesquisa da Fiesp apurou que, na
avaliação dos empresários industriais paulistas, o desempenho do
mercado interno no primeiro trimestre foi mais fraco do que se supunha.
Espera-se que a divulgação do IPCA de março, que mede a alta dos
preços ao consumidor no conjunto
das regiões metropolitanas do país,
confirme o quadro de alívio. Segundo levantamento do Banco Central,
bancos e consultorias prevêem uma
alta de apenas 0,4%.
Caso essa expectativa seja confirmada, deverão crescer as apostas de
que o BC cortará a taxa básica de juros daqui a uma semana. Fala-se numa redução quase simbólica, mais
uma vez de 0,25 ponto percentual.
Os dados de inflação sugerem, porém, que há condições para corte
mais generoso, o que ajudaria a interromper outra tendência apurada
pela pesquisa da Fiesp: a redução da
confiança dos empresários no crescimento ao longo de 2004.
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