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ACORDO INTERNO
O governo brasileiro acaba de
acordar com o da Argentina a
formação de um instituto voltado a
formular propostas que reforcem a
integração monetária entre os dois
países. Os governos falam na criação
de uma moeda comum.
A iniciativa representa uma sinalização clara do desejo de fortalecer a
integração regional. A inclinação
brasileira nesse sentido está nítida há
anos. Já na Argentina a disposição de
dar prioridade à integração com o
Brasil em relação a um estreitamento
dos laços com os Estados Unidos se
mantém polêmica.
A corrente política argentina que
defende a opção Mercosul tende a
preponderar, pois a perspectiva é a
de que, no pleito presidencial, o candidato do presidente Duhalde, Néstor Kirchner, derrote o ex-presidente
Menem -líder da corrente que já defendeu que seu país mantivesse "relações carnais" com os EUA.
Uma atitude comum francamente
favorável à integração regional se avizinha. Restam, no entanto, muitas
etapas até que se possa vislumbrar o
surgimento de uma moeda única.
Além de medidas monetárias, são
necessárias iniciativas em outros
campos para que a integração econômica avance e dê lastro à pretendida unidade monetária. Até hoje a integração regional se centrou no comércio. Ela teria que progredir também em aspectos relativos à estrutura produtiva (como a infra-estrutura
de transportes e comunicações).
Mas existem desafios mais imediatos ao projeto ambicioso de integração sinalizado pelos governos dos
dois países. O principal talvez seja a
obtenção de acordo interno, no Brasil, a respeito dos termos em que se
dará a integração regional.
Em particular, falta consenso sobre
o rumo que se quer para o câmbio e
as contas externas. Uma moeda regional sólida requereria manter reservas de divisas elevadas, amparadas em um superávit comercial sustentado. O compromisso do governo
e da sociedade com essa orientação,
entretanto, não está consolidado.
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