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São Paulo, quarta-feira, 07 de maio de 2003

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ACORDO INTERNO

O governo brasileiro acaba de acordar com o da Argentina a formação de um instituto voltado a formular propostas que reforcem a integração monetária entre os dois países. Os governos falam na criação de uma moeda comum.
A iniciativa representa uma sinalização clara do desejo de fortalecer a integração regional. A inclinação brasileira nesse sentido está nítida há anos. Já na Argentina a disposição de dar prioridade à integração com o Brasil em relação a um estreitamento dos laços com os Estados Unidos se mantém polêmica.
A corrente política argentina que defende a opção Mercosul tende a preponderar, pois a perspectiva é a de que, no pleito presidencial, o candidato do presidente Duhalde, Néstor Kirchner, derrote o ex-presidente Menem -líder da corrente que já defendeu que seu país mantivesse "relações carnais" com os EUA.
Uma atitude comum francamente favorável à integração regional se avizinha. Restam, no entanto, muitas etapas até que se possa vislumbrar o surgimento de uma moeda única.
Além de medidas monetárias, são necessárias iniciativas em outros campos para que a integração econômica avance e dê lastro à pretendida unidade monetária. Até hoje a integração regional se centrou no comércio. Ela teria que progredir também em aspectos relativos à estrutura produtiva (como a infra-estrutura de transportes e comunicações).
Mas existem desafios mais imediatos ao projeto ambicioso de integração sinalizado pelos governos dos dois países. O principal talvez seja a obtenção de acordo interno, no Brasil, a respeito dos termos em que se dará a integração regional.
Em particular, falta consenso sobre o rumo que se quer para o câmbio e as contas externas. Uma moeda regional sólida requereria manter reservas de divisas elevadas, amparadas em um superávit comercial sustentado. O compromisso do governo e da sociedade com essa orientação, entretanto, não está consolidado.


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