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ANOMALIA CARCERÁRIA
O périplo do traficante carioca
conhecido como Fernandinho
Beira-Mar pelas cadeias brasileiras
chegou a um novo estágio. Depois
da celeuma sobre seu encarceramento "definitivo", o bandido voltou ao
presídio de Presidente Bernardes, no
interior do Estado de São Paulo. O
que impressiona nesse ainda inacabado episódio é que ele segue demonstrando, e a cada etapa com
mais virulência, o estado falimentar
em que está o sistema de segurança
pública brasileiro e o seu grande descrédito diante da população.
Quando o traficante deixou a mesma prisão a que retornou na noite de
anteontem, no final de março, a promessa das autoridades federais era a
de que ele ficaria sob custódia em
Alagoas apenas o tempo necessário
para que um presídio no Piauí fosse
reformado e tivesse a sua gestão federalizada. No meio do caminho,
porém, a forte resistência da sociedade piauiense -seguindo o que acontecera em Alagoas- acabou por derrubar o plano inicial.
Nesse contexto, não se poderia deixar de elogiar a conduta do governo
do Estado de São Paulo, que, mais
uma vez, aceitou cuidar da custódia
do traficante, mesmo arriscando-se a
um desgaste que poderia evitar.
Mas o ponto a enfatizar é outro.
Discutir em que região vai ser preso
um chefe do tráfico não deveria, num
país normal, ser uma questão que
mobilizasse as autoridades mais altas da República. Manter um criminoso perigoso preso e anular o seu
poder de comando dentro do presídio deveria ser algo rotineiro e trivial,
e não uma anomalia.
A transferência do traficante para
fora do Rio não diminuiu o ímpeto
dos bandidos daquela cidade. Eles
continuam a aterrorizar moradores
da cidade e a afrontar autoridades.
Isso por um simples motivo: anular
o poder de apenas um chefe de bando -e com todo esse trabalho-não
chega nem perto de amenizar o problema da segurança pública.
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