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São Paulo, quarta-feira, 07 de maio de 2003

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ANOMALIA CARCERÁRIA

O périplo do traficante carioca conhecido como Fernandinho Beira-Mar pelas cadeias brasileiras chegou a um novo estágio. Depois da celeuma sobre seu encarceramento "definitivo", o bandido voltou ao presídio de Presidente Bernardes, no interior do Estado de São Paulo. O que impressiona nesse ainda inacabado episódio é que ele segue demonstrando, e a cada etapa com mais virulência, o estado falimentar em que está o sistema de segurança pública brasileiro e o seu grande descrédito diante da população.
Quando o traficante deixou a mesma prisão a que retornou na noite de anteontem, no final de março, a promessa das autoridades federais era a de que ele ficaria sob custódia em Alagoas apenas o tempo necessário para que um presídio no Piauí fosse reformado e tivesse a sua gestão federalizada. No meio do caminho, porém, a forte resistência da sociedade piauiense -seguindo o que acontecera em Alagoas- acabou por derrubar o plano inicial.
Nesse contexto, não se poderia deixar de elogiar a conduta do governo do Estado de São Paulo, que, mais uma vez, aceitou cuidar da custódia do traficante, mesmo arriscando-se a um desgaste que poderia evitar.
Mas o ponto a enfatizar é outro. Discutir em que região vai ser preso um chefe do tráfico não deveria, num país normal, ser uma questão que mobilizasse as autoridades mais altas da República. Manter um criminoso perigoso preso e anular o seu poder de comando dentro do presídio deveria ser algo rotineiro e trivial, e não uma anomalia.
A transferência do traficante para fora do Rio não diminuiu o ímpeto dos bandidos daquela cidade. Eles continuam a aterrorizar moradores da cidade e a afrontar autoridades. Isso por um simples motivo: anular o poder de apenas um chefe de bando -e com todo esse trabalho-não chega nem perto de amenizar o problema da segurança pública.


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