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DUPLA DERROTA
O governo federal enfrentou
anteontem um dia penoso. Foram duas derrotas significativas nas
duas Casas do Parlamento. Primeiramente, a medida provisória que proibia os bingos e as máquinas caça-níqueis foi derrubada no Senado Federal, ainda que por uma margem mínima de votos. Manifestaram-se
contra 33 senadores, a favor, 32, e
dois se abstiveram. Os senadores
nem sequer chegaram a julgar o mérito da MP, rejeitada quando ainda se
discutia sua "urgência e relevância",
critérios preliminares que norteiam a
publicação de medidas provisórias.
No outro episódio, na Câmara, a
oposição conseguiu levar adiante a
instalação de uma comissão mista
para discutir o valor do salário mínimo e se apoderou dos cargos mais
importantes, com o líder tucano Tasso Jereissati na presidência.
Diante dessa dupla derrota, é inevitável tirar algumas conclusões. Fica
difícil concordar com as afirmações
do ministro Aldo Rebelo, segundo o
qual o Planalto mantém base sólida
no Parlamento. Ao contrário, a rejeição da MP dos bingos, embora por
poucos votos, indica claramente que
o espaço de manobra do governo no
Senado é cada vez mais exíguo.
Não é só isso. A votação indica
também que a disputa entre os senadores Renan Calheiros e José Sarney,
acerca da emenda da reeleição das
Mesas da Câmara e do Senado, dividiu o PMDB e com ele parte importante da base governista. O recado de
Calheiros é claro: ou o Planalto honra o compromisso de apoiar sua candidatura à presidência da Casa em
2005 e deixa de lado a emenda da reeleição, ou é bom não contar mais
com a ajuda de seu grupo.
É também estranho que a outra
parte da base peemedebista, ligada a
Sarney, tenha votado contra a MP
dos bingos. Some-se a isso a ausência do líder do governo, Aloizio Mercadante, num dia tão importante e o
fraco desempenho de Ideli Salvatti,
líder do PT, e impõe-se a impressão
de que a base do governo não possui
a firmeza que pretende Rebelo.
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