São Paulo, sexta-feira, 07 de maio de 2004

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EFEITO PETRÓLEO

O preço do petróleo tem permanecido relativamente alto desde 1999, segundo a AIE (Agência Internacional de Energia). Nos últimos sete meses a cotação do barril de petróleo em Nova York saltou de US$ 29 para US$ 38, o patamar mais alto em 13 anos. Bem acima, portanto, do intervalo (US$ 22 a US$ 28) defendido pela Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo).
De acordo com o estudo da AIE, o preço elevado do petróleo tem contribuído para um menor dinamismo da economia global, pressionando as taxas de desemprego e a inflação nos países importadores da OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico).
Se a cotação do petróleo se mantiver no patamar atual, ao longo de um ano isso reduzirá o PIB mundial em US$ 255 bilhões (ou seja, seu crescimento será até 0,5 ponto percentual menor do que poderia ser). Os impactos adversos do petróleo caro tendem a ser especialmente graves nos países em desenvolvimento, muitos dos quais são bastante dependentes da importação e têm menor eficiência na utilização da energia.
Ainda segundo a AIE, os impactos do petróleo caro sobre o Brasil seriam: redução de 0,4 ponto percentual na taxa de crescimento da economia; piora de 0,4 ponto percentual do PIB no saldo comercial; e aumento de 2 pontos na taxa de inflação.
Diante disso, pode-se instaurar um círculo vicioso. Se a inflação subir, o Banco Central poderá aumentar a taxa de juros e, conseqüentemente, abortar a frágil e desigual recuperação da economia. Se a balança comercial apresentar resultados menos expressivos, a necessidade de recursos para consolidar as contas externas será maior e aumentarão as dúvidas dos credores sobre a solvência do país, o que tenderá a levar a uma desvalorização do real. E, novamente, o Banco Central poderia elevar os juros para conter o impacto dessa desvalorização cambial sobre a inflação.
Diante dessas ameaças, é fundamental que a Petrobrás e as autoridades econômicas preparem um plano emergencial.


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