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Editoriais
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Menos improviso
O GOVERNO paulista prepara
medidas para atenuar o
problema dos professores
temporários, que hoje são 80 mil
no Estado -40% da rede. Anunciou um concurso para selecionar 10 mil efetivos em setembro
e propôs à Assembleia a criação
de outras 50 mil vagas, para
preenchimento posterior.
É quase supérfluo discutir as
repercussões negativas desse
contingente improvisado num
sistema de ensino já repleto de
problemas. A proposta, agora, é
fazer uma seleção inicial em concurso público e encaminhar os
aprovados para um estágio de
qualificação de quatro meses. Só
os que tiverem bom desempenho nessa segunda fase serão
efetivados.
Algum treino é certamente
melhor que nenhum, mas quatro
meses não bastarão para adequar os profissionais aos desafios do ensino paulista.
Para fazer a diferença, o concurso deveria aumentar a remuneração inicial -hoje de R$
1.834,85 por 40 horas- e ampliar
a seleção além das fronteiras dos
profissionais com licenciatura.
Por que médicos não podem ensinar biologia; e engenheiros,
matemática? Um treinamento
mais longo e criterioso poderia
dotá-los dos instrumentos necessários para ministrar aulas.
A contratação de milhares de
novos docentes é uma oportunidade de implantar mecanismos
para requalificar professores
efetivos com mau desempenho
-e retirar da rede quem reiteradamente não demonstrar evolução. A decisão sobre onde o professor vai dar aulas precisa deixar de ser prerrogativa do profissional e passar para a alçada dos
gestores escolares.
Levar adiante esse conjunto de
mudanças será, decerto, mais difícil -algumas dependem de alterações em normas federais.
Mas contratar 60 mil docentes
em condições parecidas com as
vigentes no quadro efetivo do
Estado não dá esperanças de que
a mediocridade no ensino público paulista venha a ser superada.
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