São Paulo, quinta-feira, 07 de maio de 2009

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Editoriais

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Menos improviso

O GOVERNO paulista prepara medidas para atenuar o problema dos professores temporários, que hoje são 80 mil no Estado -40% da rede. Anunciou um concurso para selecionar 10 mil efetivos em setembro e propôs à Assembleia a criação de outras 50 mil vagas, para preenchimento posterior.
É quase supérfluo discutir as repercussões negativas desse contingente improvisado num sistema de ensino já repleto de problemas. A proposta, agora, é fazer uma seleção inicial em concurso público e encaminhar os aprovados para um estágio de qualificação de quatro meses. Só os que tiverem bom desempenho nessa segunda fase serão efetivados.
Algum treino é certamente melhor que nenhum, mas quatro meses não bastarão para adequar os profissionais aos desafios do ensino paulista.
Para fazer a diferença, o concurso deveria aumentar a remuneração inicial -hoje de R$ 1.834,85 por 40 horas- e ampliar a seleção além das fronteiras dos profissionais com licenciatura. Por que médicos não podem ensinar biologia; e engenheiros, matemática? Um treinamento mais longo e criterioso poderia dotá-los dos instrumentos necessários para ministrar aulas.
A contratação de milhares de novos docentes é uma oportunidade de implantar mecanismos para requalificar professores efetivos com mau desempenho -e retirar da rede quem reiteradamente não demonstrar evolução. A decisão sobre onde o professor vai dar aulas precisa deixar de ser prerrogativa do profissional e passar para a alçada dos gestores escolares.
Levar adiante esse conjunto de mudanças será, decerto, mais difícil -algumas dependem de alterações em normas federais. Mas contratar 60 mil docentes em condições parecidas com as vigentes no quadro efetivo do Estado não dá esperanças de que a mediocridade no ensino público paulista venha a ser superada.


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