São Paulo, Sexta-feira, 07 de Maio de 1999
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PAINEL DO LEITOR

Ministério Público

"Venho esclarecer que a reportagem intitulada "Procuradoria vai apurar se Pitta assinou ofício falso", publicada no caderno Cotidiano (edição nacional) de anteontem e disponibilizada na Internet, na versão on line da Folha, contém equívocos sérios que devem ser retificados. A reportagem afirma que eu teria dito que o documento -referente a uma dívida de precatórios da prefeitura paulistana- seria falso. Contesto veementemente esse tipo de informação, porque é inverídica.
Em nenhum momento da entrevista -com a presença de testemunhas, inclusive de outros jornalistas- jamais fiz declaração nesse sentido. Como poderia eu emitir opinião dessa gravidade sem ter nem sequer lido o documento? Não se esqueça de que o mesmo acabara de chegar às minhas mãos. Tanto isso é verdade que os demais jornais não mencionaram essa informação.
Igualmente inverídica é outra informação contida na reportagem intitulada "Procuradoria criminal vai apurar suspeita de fraude" (caderno São Paulo de anteontem). Ocorre que em nenhum momento eu afirmei que o documento apresentava problemas, como a reportagem informa. O nosso procedimento é encaminhar a representação ao setor competente, a fim de que todas as providências sejam tomadas, depois de uma acurada análise.
Portanto não posso afirmar, aprioristicamente, que determinado papel apresenta ou não qualquer irregularidade."
Luiz Antonio Guimarães Marrey, procurador-geral de Justiça do Estado de São Paulo (São Paulo, SP)

Energia

"A respeito do texto, publicado anteontem (Brasil, 5/5), do jornalista Elio Gaspari, esclareço:
O artigo traduz ressentimentos nascidos do episódio "A lista do Banco do Brasil", relacionado a uma suposta lista de parlamentares devedores do BB que estariam sofrendo coação para votar com o governo. O jornalista Elio Gaspari, sem me ouvir, decretou que a lista era de minha autoria e iniciou uma série de artigos difamatórios, com graves danos morais. Os fatos e o Ministério Público encarregaram-se de sepultar essa campanha insidiosa.
Em lugar de se retratar, o que seria a atitude correta, o jornalista publica outro texto difamatório. Nele, fornecendo dados errôneos, indaga quais as minhas credenciais como administrador público na área energética, o que me obriga a apresentá-las:
1) Fui o primeiro secretário da Energia do Estado de São Paulo, em 1993. Implantamos a secretaria com as empresas subordinadas: Cesp, CPFL, Eletropaulo e Comgás.
2) Criamos em parceria com a BM&F o Certificado de Energia, CETs, mecanismo de captação de recursos que não compromete receitas futuras nem aumenta o endividamento da empresa.
3) Realizamos na BM&F três leilões de CETs com a captação de US$ 200 milhões, utilizados para pagamento de equipamento das usinas Taquaruçu, Rosana e Três Irmãos, permitindo adicionar cerca de 780 MW ao sistema. Tal certificado continuou sendo usado pelo atual governo de São Paulo.
4) Colocamos US$ 150 milhões em debêntures não-conversíveis por meio de leilão na BM&F. Os recursos obtidos foram utilizados para a construção de obras civis de barragem principal e vertedouros de Porto Primavera.
5) Preparamos a colocação de ações da Cesp nos mercados americano e europeu. Com a coordenação da Merrill Lynch, foram captados US$ 300 milhões, com ofertas superando US$ 700 milhões. Foram vendidas ações PN -preferenciais nominativas- por US$ 90/lote de mil ações.
6) Diante da gestão implantada em 93, as ações ON da Cesp -ordinárias nominativas- foram as que mais evoluíram entre todos os papéis negociados na Bovespa, cerca de 3.000%.
7) A dívida da Cesp foi reduzida de US$ 11 bilhões no final de 92 para US$ 8,5 bilhões no final de 93. Ainda assim os investimentos de 93 totalizaram mais de US$ 1 bilhão.
8) Aceleramos a construção da eclusa de Três Irmãos, última do rio Tietê, permitindo a navegação até Jupiá.
9) Idealizamos a "Infovias", que lançamos em seminário, por meio do convênio da Cesp com a Telesp, visando a utilização das torres de transmissão de dados.
Esses são alguns dos tópicos de nossa atuação à frente da Secretaria de Energia de São Paulo, que apresentamos para restabelecer os fatos e a verdade."
Luiz Carlos Santos, ex-ministro extraordinário para a Coordenação de Assuntos Políticos e ex-secretário da Energia de São Paulo (São Paulo, SP)

Operação abafa

"Ficou claro, durante o depoimento do deputado Aloizio Mercadante, que temos, na CPI dos Bancos, em vez de uma verdadeira investigação sobre o sistema financeiro, uma queda-de-braço entre o Palácio do Planalto e os partidos da base governista, incluindo o PSDB. Queda-de-braço que, conforme a própria Folha, parece já ter sido resolvida no âmbito do governo.
Não vejo outra explicação para o esforço de alguns senadores para desqualificar as importantes informações e análises apresentadas pelo deputado.
A impressão que fica é que, se nenhuma "bomba" for publicada pela imprensa ou se nenhum "motorista" aparecer, já podemos dar por encerrada mais essa CPI."
Carlos Magalhães (Belo Horizonte, MG)

Corrupção diária

"É muito curioso notar que a população que se diz horrorizada com as recentes denúncias de corrupção é, ela própria, desonesta nas pequenas coisas do dia-a-dia: pula catraca eletrônica do ônibus, engana no troco, vende sem nota fiscal, paga para o guarda rodoviário não multar, coloca fita adesiva na placa para burlar o rodízio, compra toca-fita roubado, CD falsificado...
Honestidade começa em casa!"
Pedro Paulo Vasconcellos (Jundiaí, SP)

Dialética da miséria

"A Folha publicou, em 3/5, o texto "Dialética da miséria", de Josias de Souza (pág. 1-2, Opinião).
O homem escreve incrivelmente bem. Envolve tanto o leitor que este chega a imaginar não ser o texto uma crônica, mas a expressão da experiência pessoal cotidiana do autor.
Só que o pseudo-herói não encontraria toda essa facilidade para promover a sua "revolução proletária de esquina". Há muito, a PM vem atuando nos principais cruzamentos de nossa cidade com o intuito de prevenir delitos. Apenas no âmbito do Comando de Policiamento de Choque, a Operação Previne (prevenção da violência nas esquinas) desenvolve-se desde 1997, tendo prendido em flagrante 441 criminosos.
É certo que ainda há crime nos cruzamentos, mas certas modalidades de crime praticamente se extinguiram. O "roubo de rolex" é uma delas.
Aproveito para questionar se o publicado não está insuflando o crime. Estimular a luta de classes e a tomada do poder pelas armas -o verdadeiro sentido do texto para quem tem olhos de ver- é hoje miopia histórica e retrocesso: lembre-se (o autor do texto) dos nefastos resultados da aventura militarista da esquerda armada das décadas de 60 e 70."
Jairo Paes de Lira, tenente-coronel da PM, comandante do Policiamento de Choque de São Paulo (São Paulo, SP)

Doping

"É lamentável a nota na Primeira Página da Folha de 5/5, com o título "Zagueiro Scheidt jogou dopado". Cabe lembrar que o jogador ainda não foi julgado pela CBF, para que se tenha certeza do doping, apesar da contraprova. Será que a Folha é capaz de julgar o jogador antes mesmo que os órgãos competentes o façam? Será ainda que seria esse o título caso o jogador fosse paulista, e não gaúcho?"
Alexandre Guaspari Barreto (Porto Alegre, RS)


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