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São Paulo, sábado, 07 de junho de 2003

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O DRAMA DA CORRUPÇÃO

Se não há em curso nenhum grande caso "nacional" de corrupção, desses que monopolizavam, em outros tempos, as atenções do país, isso não significa, de modo algum, que o Brasil tenha se livrado dessa praga. As aparências são de que em determinadas esferas do poder público, especialmente aquelas mais próximas do governo federal, houve melhorias. No entanto, ao examinar as diversas situações locais, em Estados e municípios, não é difícil concluir que a corrupção continua sendo um drama nacional.
No Rio de Janeiro, o segundo Estado do país, o chamado escândalo do "propinoduto" revelou que fiscais da Receita Estadual extorquiam empresas e remetiam milhões de dólares para contas no exterior. No Espírito Santo, onde foi cogitada a intervenção federal, é conhecido o envolvimento de funcionários do Executivo e do Legislativo com o crime organizado. Investigações sobre supostas vendas de habeas corpus para traficantes ocorrem em diversos Estados. Na cidade de São Paulo, empresas de transporte e sindicatos vão confirmando as suspeitas de que há uma "máfia" atuando no setor.
Muitos desses episódios -e outros tantos poderiam ser lembrados- repetem velhas formas de corrupção. A novidade dos últimos anos parece estar na evidência de que o narcotráfico já se transformou numa das maiores fontes corruptoras do país. A experiência de países sul-americanos mostra os efeitos dramáticos da infiltração do trafico de drogas na esfera pública. Não se trata só do suborno, no varejo, de policiais, mas da corrupção, por parte do crime organizado, de representantes dos Poderes instituídos.
O Ministério da Justiça tem dado sinais de que conhece a gravidade desse quadro. A votação na Câmara, prevista para breve, de uma nova legislação de combate à lavagem de dinheiro poderá ser um instrumento valioso para a ação das autoridades. Certo é que medidas urgentes precisam ser tomadas antes que a situação torne-se incontrolável -como, de fato, já parece ser em algumas áreas.


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