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O DRAMA DA CORRUPÇÃO
Se não há em curso nenhum
grande caso "nacional" de corrupção, desses que monopolizavam,
em outros tempos, as atenções do
país, isso não significa, de modo algum, que o Brasil tenha se livrado
dessa praga. As aparências são de
que em determinadas esferas do poder público, especialmente aquelas
mais próximas do governo federal,
houve melhorias. No entanto, ao
examinar as diversas situações locais, em Estados e municípios, não é
difícil concluir que a corrupção continua sendo um drama nacional.
No Rio de Janeiro, o segundo Estado do país, o chamado escândalo do
"propinoduto" revelou que fiscais da
Receita Estadual extorquiam empresas e remetiam milhões de dólares
para contas no exterior. No Espírito
Santo, onde foi cogitada a intervenção federal, é conhecido o envolvimento de funcionários do Executivo
e do Legislativo com o crime organizado. Investigações sobre supostas
vendas de habeas corpus para traficantes ocorrem em diversos Estados.
Na cidade de São Paulo, empresas de
transporte e sindicatos vão confirmando as suspeitas de que há uma
"máfia" atuando no setor.
Muitos desses episódios -e outros tantos poderiam ser lembrados- repetem velhas formas de corrupção. A novidade dos últimos anos
parece estar na evidência de que o
narcotráfico já se transformou numa
das maiores fontes corruptoras do
país. A experiência de países sul-americanos mostra os efeitos dramáticos da infiltração do trafico de
drogas na esfera pública. Não se trata
só do suborno, no varejo, de policiais, mas da corrupção, por parte do
crime organizado, de representantes
dos Poderes instituídos.
O Ministério da Justiça tem dado sinais de que conhece a gravidade desse quadro. A votação na Câmara, prevista para breve, de uma nova legislação de combate à lavagem de dinheiro poderá ser um instrumento valioso para a ação das autoridades. Certo
é que medidas urgentes precisam ser
tomadas antes que a situação torne-se incontrolável -como, de fato, já
parece ser em algumas áreas.
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