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São Paulo, sábado, 07 de junho de 2003

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PEGOS NA MENTIRA

Vão-se avolumando os indícios de que os governos dos Estados Unidos e do Reino Unido faltaram com a verdade e pressionaram funcionários de seus serviços secretos para que fabricassem provas contra o Iraque, a fim de justificar a guerra que depôs Saddam Hussein. A cada dia que passa surge um novo testemunho ou documento a indicar que Washington e Londres agiram com o que os juristas chamam de "intenção dolosa".
Oficialmente, os dois governos ainda insistem que as chamadas armas de destruição em massa serão encontradas, mas fica cada vez mais claro que a maior parte dos dados levantados contra o Iraque às vésperas da guerra foi forjada para convencer a opinião pública interna e externa da "necessidade" de intervir.
Numa rara inconfidência, Paul Wolfowitz, subsecretário de Defesa dos EUA e um dos principais formuladores da nova política externa norte-americana, admitiu que as armas não passaram de um pretexto. O argumento foi usado por "razões burocráticas", para utilizar as palavras do ideólogo neoconservador. "Chegamos à conclusão de que as armas de destruição em massa eram o único ponto com o qual todos concordariam", emendou Wolfowitz.
A pressão para esclarecer o caso é especialmente intensa no Reino Unido, onde o premiê Tony Blair já enfrenta duas CPIs. Nos EUA, o presidente George W. Bush, segue sem grandes questionamentos.
Ninguém é ingênuo a ponto de acreditar que grandes potências só iniciam guerras observando rigorosamente o "due process of law", o devido processo legal, mas é sempre chocante constatar o impudor e a desfaçatez com que Bush e Blair tentaram manipular governos aliados e a opinião pública mundial.
E é claro que a prepotência demonstrada por Washington no caso iraquiano está entre os ingredientes que vão tornando, em paragens cada vez mais extensas do planeta, os EUA uma nação tão malvista.


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