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PEGOS NA MENTIRA
Vão-se avolumando os indícios de que os governos dos Estados Unidos e do Reino Unido faltaram com a verdade e pressionaram
funcionários de seus serviços secretos para que fabricassem provas contra o Iraque, a fim de justificar a guerra que depôs Saddam Hussein. A cada dia que passa surge um novo testemunho ou documento a indicar
que Washington e Londres agiram
com o que os juristas chamam de
"intenção dolosa".
Oficialmente, os dois governos ainda insistem que as chamadas armas
de destruição em massa serão encontradas, mas fica cada vez mais
claro que a maior parte dos dados levantados contra o Iraque às vésperas
da guerra foi forjada para convencer
a opinião pública interna e externa da
"necessidade" de intervir.
Numa rara inconfidência, Paul
Wolfowitz, subsecretário de Defesa
dos EUA e um dos principais formuladores da nova política externa norte-americana, admitiu que as armas
não passaram de um pretexto. O argumento foi usado por "razões burocráticas", para utilizar as palavras
do ideólogo neoconservador. "Chegamos à conclusão de que as armas
de destruição em massa eram o único ponto com o qual todos concordariam", emendou Wolfowitz.
A pressão para esclarecer o caso é
especialmente intensa no Reino Unido, onde o premiê Tony Blair já enfrenta duas CPIs. Nos EUA, o presidente George W. Bush, segue sem
grandes questionamentos.
Ninguém é ingênuo a ponto de
acreditar que grandes potências só
iniciam guerras observando rigorosamente o "due process of law", o
devido processo legal, mas é sempre
chocante constatar o impudor e a
desfaçatez com que Bush e Blair tentaram manipular governos aliados e
a opinião pública mundial.
E é claro que a prepotência demonstrada por Washington no caso
iraquiano está entre os ingredientes
que vão tornando, em paragens cada
vez mais extensas do planeta, os EUA
uma nação tão malvista.
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