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EMÍLIO ODEBRECHT
Desenvolvendo o interior
O BRASIL já há algum tempo
assiste a um verdadeiro êxodo rumo aos grandes centros urbanos.
Multidões deixam pequenas cidades e o campo movidas pela falta
de perspectivas, de um lado, e pela
esperança de oportunidades de
uma vida melhor, do outro. Mas o
que encontram, quase sempre, são
metrópoles inchadas e inóspitas,
que transformam os forasteiros em
exilados no próprio país.
A fixação das pessoas em seus locais de origem é um tema presente
sempre que se discute o futuro do
Brasil, mas não temos sido eficazes
na interiorização do desenvolvimento.
A ação social que a Fundação
Odebrecht -instituição sem fins
lucrativos mantida pela Organização Odebrecht- desenvolve no
Baixo Sul da Bahia, com concentração pessoal e dedicação de Norberto Odebrecht, presidente de seu
Conselho de Curadores, nos traz
algumas importantes lições.
A primeira é que qualquer comunidade, por mais pobre que seja,
dispõe de quatro capitais: o humano, formado pela gente que ali vive;
o social, que são o conhecimento
que aquele grupo acumula e as relações entre os que dele fazem parte; o ambiental, formado pelos recursos naturais ali existentes; e o
produtivo, que é a combinação dos
três anteriores para a geração das
riquezas necessárias à sobrevivência digna de todos, potencializando
as vocações locais.
A educação é o meio para desatar
as forças da comunidade e capacitá-la para articular os capitais na
busca do crescimento com desenvolvimento.
A segunda é que o foco deve ser
na família, para que funcione como
uma âncora para o indivíduo, tendo como referência o jovem preparado para ser um agente ativo no
processo de transformação da realidade local.
A terceira é que a geração de riquezas deve se dar a partir da estruturação de cadeias produtivas
para as quais a região tenha vocação clara.
Os produtores se reúnem em
cooperativas e os jovens são educados em casas familiares. As casas
familiares são instituições profissionalizantes que adotam uma pedagogia de alternância: os alunos
passam uma semana na escola, em
regime de internato, estudando em
período integral, e duas em casa,
ajudando os pais e aplicando os conhecimentos adquiridos.
E, finalmente, a mais importante
das lições é que as pessoas preferem viver no lugar onde nasceram
se têm saúde, educação, cultura, lazer e oportunidades de trabalho
em quantidade, com qualidade.
No Baixo Sul da Bahia isso tem se
mostrado suficiente para promover profunda alteração no estado
de espírito de quem sempre foi vítima de um esquecimento secular.
EMÍLIO ODEBRECHT escreve aos domingos nesta
coluna.
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