RIO DE JANEIRO - O problema sem solução na vida nacional, a partir do governo Lula, é o próprio Lula. Todos queremos bem a ele, mais do que esperança, temos a certeza de que ele fará o melhor que puder para construir a nação que todos sonhamos.
Prova disso foi a foto que vi nos jornais, o empresário Antônio Ermírio de Moraes, abraçado a Lula, num gesto paternal, os dois emocionados, não pela vulgar cerimônia da entrega de mais um prêmio qualquer, tão comum na vida dos dois, dando ou recebendo troféus.
A emoção de duas pessoas que se gostam e que pensam diferente. O empresário não votou em Lula, criticou asperamente a posição do PT e do próprio Lula na questão do campo, mas, como qualquer brasileiro, sente por ele o carinho que lhe devemos pela sua biografia, pelas suas qualidades e até mesmo pelos seus defeitos.
Pois exatamente este é o problema. Eleitores ou não de Lula, acreditamos em suas intenções e torcemos que o primeiro presidente da República saído realmente do povo seja um grande, o maior presidente da nossa história.
No entanto as coisas estão se complicando cada vez mais para ele e para nós. Antônio Ermírio disse que Lula está colhendo a tempestade dos ventos que semeou. Até certo ponto, pode ser uma constatação óbvia, mas cabe ao presidente transformar a tempestade em bonança sem renegar os ventos que espalhou por aí.
Pelo contrário. Saber administrar os ventos é o que se espera dele. Tem um mandato quase inteiro pela frente, a boa vontade nacional expressa na mídia e no eleitorado.
A decepção inicial que ele nos causou foi na escolha das prioridades, continuando o mesmo erro de seu antecessor, que colocou o país na mão de guarda-livros, preocupados apenas com a contabilidade, como se a economia nacional fosse a mesma de um supermercado, de uma drogaria. E deixando o social para a sociedade resolver, inclusive no tiro, como ameaça acontecer no campo.


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