São Paulo, quarta-feira, 07 de julho de 2004

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FERNANDO RODRIGUES

Eleição equilibrada

BRASÍLIA - Começaram oficialmente nesta semana as campanhas para cerca de 5.600 prefeituras do país. A julgar pelo que aconteceu nas últimas eleições municipais, a tendência do eleitorado será novamente no sentido de concentrar as preferências em quatro ou cinco grandes partidos.
Em 1996, só PSDB, PMDB, PFL, PPB (hoje PP) e PT conseguiram mais de 10% dos votos para prefeito no país inteiro. Em 2000, o PP foi rebaixado e saiu do grupo de elite.
Somados, em 2000, PSDB, PMDB, PFL e PT tiveram 61,16% dos votos válidos para prefeito no país. O percentual de cada uma dessas siglas ficou na redondeza dos 15% -o PT um pouco abaixo de 15%; as outras três um pouco acima.
O Brasil tem hoje 27 partidos políticos. Em 2000, havia 31. Naquele ano, nada menos do que 19 agremiações nanicas somadas tiveram míseros 2,66% dos votos para prefeito. Não será diferente neste ano. A decantação partidária avançará.
Apesar das adversidades na área federal, o PT aumentará o seu percentual de votos. Muito à custa de fisiologia -verbas e cargos-, num inexorável processo de similarização em relação às demais siglas.
O que tudo isso significa? Três coisas, pelo menos: 1) nenhum partido obterá uma vitória absoluta na maioria das cidades, pois historicamente esse cenário não tem sido visto; 2) sem grandes vitoriosos nem derrotados, não será presenciada uma hecatombe política pós-eleições e 3) quatro ou cinco partidos continuarão a se consolidar como representantes do "establishment".
É evidente que haverá derrotas e vitórias emblemáticas, pontuais. A cidade de São Paulo, por exemplo. Perder a maior capital seria um revés para o PT ou para o PSDB. Mas os perdedores serão localizados no espaço e no tempo. No caso dessas duas agremiações, pode ser até bom que a ala paulista fique menos prevalente. É bom ser forte em São Paulo, é verdade. Só que o Brasil, para o bem e para o mal, vai muito além do trópico de Capricórnio.


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