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FERNANDO RODRIGUES
Eleição equilibrada
BRASÍLIA - Começaram oficialmente nesta semana as campanhas para
cerca de 5.600 prefeituras do país. A
julgar pelo que aconteceu nas últimas eleições municipais, a tendência
do eleitorado será novamente no sentido de concentrar as preferências em
quatro ou cinco grandes partidos.
Em 1996, só PSDB, PMDB, PFL,
PPB (hoje PP) e PT conseguiram
mais de 10% dos votos para prefeito
no país inteiro. Em 2000, o PP foi rebaixado e saiu do grupo de elite.
Somados, em 2000, PSDB, PMDB,
PFL e PT tiveram 61,16% dos votos
válidos para prefeito no país. O percentual de cada uma dessas siglas ficou na redondeza dos 15% -o PT
um pouco abaixo de 15%; as outras
três um pouco acima.
O Brasil tem hoje 27 partidos políticos. Em 2000, havia 31. Naquele ano,
nada menos do que 19 agremiações
nanicas somadas tiveram míseros
2,66% dos votos para prefeito. Não
será diferente neste ano. A decantação partidária avançará.
Apesar das adversidades na área
federal, o PT aumentará o seu percentual de votos. Muito à custa de fisiologia -verbas e cargos-, num
inexorável processo de similarização
em relação às demais siglas.
O que tudo isso significa? Três coisas, pelo menos: 1) nenhum partido
obterá uma vitória absoluta na
maioria das cidades, pois historicamente esse cenário não tem sido visto; 2) sem grandes vitoriosos nem
derrotados, não será presenciada
uma hecatombe política pós-eleições
e 3) quatro ou cinco partidos continuarão a se consolidar como representantes do "establishment".
É evidente que haverá derrotas e vitórias emblemáticas, pontuais. A cidade de São Paulo, por exemplo. Perder a maior capital seria um revés
para o PT ou para o PSDB. Mas os
perdedores serão localizados no espaço e no tempo. No caso dessas duas
agremiações, pode ser até bom que a
ala paulista fique menos prevalente.
É bom ser forte em São Paulo, é verdade. Só que o Brasil, para o bem e
para o mal, vai muito além do trópico de Capricórnio.
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