São Paulo, quarta-feira, 07 de julho de 2004

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CLÓVIS ROSSI

Um outro PT é impossível

SÃO PAULO - Começo pela pergunta com que Eliane Cantanhêde terminou seu texto de ontem: "E o PT, o que diz sobre o governo do PT?".
Para responder, cito o documento "Um outro Brasil É Possível", aprovado no 12º Encontro Nacional do partido, instância suprema no PT, datado de dezembro de 2001, na bica da eleição que levou Lula à Presidência, e jamais revogado.
Diz: "A ruptura com o modelo neoliberal envolve mudanças estruturais no país. Uma parte dessas mudanças visa desmontar as armadilhas deixadas pelo modelo neoliberal e, também, pelo modelo de desenvolvimento implementado na época da ditadura militar. Outra parte das mudanças estruturais visa constituir um novo modelo econômico e social".
"É preciso impulsionar a constituição de um amplo mercado de consumo de massas, que promova a inclusão de 53 milhões de brasileiros pobres, e universalizar as políticas sociais básicas. O Brasil precisa resolver de vez o drama histórico da concentração de renda e riqueza".
"A centralidade do social exigirá a democratização da propriedade, com uma profunda reforma urbana que garanta habitação e acesso aos serviços públicos, e uma ampla reforma agrária e apoio à agricultura familiar. No campo, o fim da violência e da impunidade do latifúndio é compromisso do novo governo".
"A reforma tributária, além dos objetivos de eliminar os impostos cumulativos, simplificar os tributos e desonerar a produção, deve promover justiça fiscal, fortalecendo os impostos progressivos, taxando as grandes fortunas e as grandes heranças".
Tem mais, mas já basta.
À luz do que pregava e do que faz o governo, o PT só poderia gritar, cara Eliane, como o fez em 1994: estelionato eleitoral. Mas não o fará, porque foi co-autor do estelionato e virou, como previu Anthony Garotinho, o partido da "boquinha". E esse tipo de boquinha não fala.
PS - Errei no texto de ontem ao dizer que a prefeita Marta Suplicy fora a um culto da Igreja Universal. Foi na Assembléia de Deus.


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