|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
CLÓVIS ROSSI
Na sombra
PARIS - Sempre que alguém impede que entre a luz do Sol nas suas
atividades, pode apostar: há alguma
coisa mal-cheirosa nelas.
O PT e o governo Lula especializaram-se na tarefa de tapar o sol
desde que explodiu o caso do mensalão. Quando sua mulher vai ao
banco para receber um dinheiro
que não pode explicar, é melhor dizer que ela foi pagar a prestação da
TV a cabo, certo? É o que fez inicialmente um deputado do PT, João
Paulo Cunha, lembra-se?
Foi mais ou menos assim ao longo de todo o escândalo.
Agora, tem-se outro caso turvo, o
da viagem do ex-ministro José Dirceu à Bolívia, revelada por esse excelente repórter chamado Fabiano
Maisonnave. Dirceu diz a Mônica
Bergamo que não confirma nem
desmente a viagem. Quem não tem
o que esconder confirma ou desmente no ato.
Depois, enrolam-se os responsáveis pelo aluguel do avião privado
em que viajou o ex-ministro. De novo, a peneira tentando evitar que
passe a luz.
Aí, de duas uma: ou Dirceu foi
mesmo em missão oficial, extra-oficial ou algo parecido, o que é intolerável, porque tanto o Itamaraty como o assessor diplomático da Presidência, Marco Aurélio Garcia, são
infinitamente mais competentes
do que o ex-ministro na matéria.
Além disso, quem foi punido por
falta de decoro, no único tribunal a
que podia, então, ser levado, não
pode continuar trabalhando para o
governo. É indecente.
Ou foi tratar de assuntos particulares de algum interessado, o que, aí
sim, seria perfeitamente normal.
Desde que não se tape o sol.
Qualquer que seja a verdade, se é
que não há uma terceira hipótese
(nas sombras, tudo é possível), fica
claro que o "revolucionário" que
Dirceu diz ser morreu na rua Maria
Antônia faz uns 30 anos. Agora, é de
"business" que se trata. Só.
crossi@uol.com.br
Texto Anterior: Editoriais: Eleição tumultuada Próximo Texto: Brasília - Eliane Cantanhêde: Lula saiu de fininho Índice
|