|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ELIANE CANTANHÊDE
Lula saiu de fininho
BRASÍLIA - Está explicado por
que Lula desistiu de passar dois dias
em Caracas, ficou poucas horas e
voou de volta à meia-noite: ele fugiu
da festa dos 195 anos da Venezuela,
em que Chávez defendeu uma força
armada comum, bolivariana, para a
América do Sul.
O pretexto de Lula foi o de que
não poderia participar de inaugurações contrárias à lei eleitoral. Na
verdade, temia o desfile militar de
Chávez, com aviões Sukhoi-30 e fuzis Kalashnikov, ambos russos, e o
velho discurso "à la Fidel" contra
"ameaças à pátria e à soberania".
Lula saiu de fininho, e o desfile de
Chávez foi prestigiado por Kirchner (Argentina), Evo Morales (Bolívia) e Nicanor Duarte (Paraguai).
Chávez é tutor de Morales -que
causa prejuízos à Petrobras-, compra títulos da dívida argentina e vai
comprar os da paraguaia, depois de
Duarte acusar Argentina e Brasil de
"egoístas e hipócritas".
Ou seja: Chávez levou para o palanque os presidentes que se ajustam melhor a seu plano de expansão e se aproximam mais da Venezuela do que do Brasil -que tem
mais de 70% do PIB e dos habitantes do Mercosul, já com a Venezuela. Lula tinha duas opções: ir e ser
mais um coadjuvante de Chávez ou
arranjar uma desculpa e voltar logo
para Brasília. Optou bem.
Agora, é evitar novas surpresas.
Quando Morales passou a rasteira
no Brasil, Planalto, Itamaraty e Petrobras não tinham idéia do tamanho do tombo. Convém ficar de
olho em Kirchner e em Duarte
-que, claramente, já escolheu seu
líder no Mercosul. E não é Lula.
Depois de ameaçar a Colômbia,
de trocar desaforos com o presidente eleito do Peru e de fustigar Evo
Morales contra o Brasil, Hugo Chávez vem aí, com direito a voto e estridência no Mercosul. A entrada da
Venezuela foi para "agregar". Mas o
perfil de Chávez, convenhamos,
não é nada agregador.
elianec@uol.com.br
Texto Anterior: Paris - Clóvis Rossi: Na sombra Próximo Texto: Rio de Janeiro - Nelson Motta: The best, os bestas Índice
|