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VERBAS AMIGAS
Dados do Siafi (Sistema de Administração Financeira do Governo Federal) sobre a distribuição
de recursos federais para municípios
vêm mais uma vez contradizer as declarações do ministro da Casa Civil,
José Dirceu, feitas durante o balanço
de 18 meses de governo do PT, de que
a União tem efetuado a distribuição
de seus recursos de forma neutra e
"sem coloração político-eleitoral".
Na ocasião, os números do Siafi publicados por esta Folha atestavam a
preferência dada às requisições de
verba encaminhadas por parlamentares da base governista, numa demonstração do fisiologismo praticado pelo atual governo.
Agora, as cifras do Siafi evidenciam
que os interesses políticos e eleitorais
presidem também a distribuição de
recursos para os municípios. Em
2004, segundo dados colhidos até o
dia 2 de agosto, nos 70 maiores municípios do país, a média de recursos
federais liberados por habitante foi
de R$ 1,4 para as cidades administradas por aliados do Planalto. Já para
municípios "oposicionistas", a média de liberação no mesmo período
foi de R$ 0,33 por habitante. Em outras palavras, as "cidades amigas"
estão recebendo o quadruplo do que
recebem as "adversárias".
O levantamento de gastos leva a
crer que, pela política atual, seria legítimo favorecer prefeituras aliadas,
sobretudo em ano de eleição. Fato
gravíssimo, entretanto, pois assim o
governo seria levado a dispensar tratamentos distintos aos cidadãos
-dependendo do partido que administra seus municípios. Ademais, a
conduta suscita suspeitas de utilização da máquina do Estado para influenciar os resultados dos pleitos.
É de perguntar como agiria o PT
diante desse quadro se ainda estivesse na oposição. Provavelmente estaria fazendo o que hoje o presidente
Luiz Inácio Lula da Silva qualifica como "futrica" e "intriga".
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