São Paulo, sábado, 07 de agosto de 2004

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VERBAS AMIGAS

Dados do Siafi (Sistema de Administração Financeira do Governo Federal) sobre a distribuição de recursos federais para municípios vêm mais uma vez contradizer as declarações do ministro da Casa Civil, José Dirceu, feitas durante o balanço de 18 meses de governo do PT, de que a União tem efetuado a distribuição de seus recursos de forma neutra e "sem coloração político-eleitoral". Na ocasião, os números do Siafi publicados por esta Folha atestavam a preferência dada às requisições de verba encaminhadas por parlamentares da base governista, numa demonstração do fisiologismo praticado pelo atual governo.
Agora, as cifras do Siafi evidenciam que os interesses políticos e eleitorais presidem também a distribuição de recursos para os municípios. Em 2004, segundo dados colhidos até o dia 2 de agosto, nos 70 maiores municípios do país, a média de recursos federais liberados por habitante foi de R$ 1,4 para as cidades administradas por aliados do Planalto. Já para municípios "oposicionistas", a média de liberação no mesmo período foi de R$ 0,33 por habitante. Em outras palavras, as "cidades amigas" estão recebendo o quadruplo do que recebem as "adversárias".
O levantamento de gastos leva a crer que, pela política atual, seria legítimo favorecer prefeituras aliadas, sobretudo em ano de eleição. Fato gravíssimo, entretanto, pois assim o governo seria levado a dispensar tratamentos distintos aos cidadãos -dependendo do partido que administra seus municípios. Ademais, a conduta suscita suspeitas de utilização da máquina do Estado para influenciar os resultados dos pleitos.
É de perguntar como agiria o PT diante desse quadro se ainda estivesse na oposição. Provavelmente estaria fazendo o que hoje o presidente Luiz Inácio Lula da Silva qualifica como "futrica" e "intriga".


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