São Paulo, sábado, 07 de agosto de 2004

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MAIS TORTURAS

Os relatos de ex-prisioneiros da base militar de Guantánamo -transformada em campo americano de prisioneiros após a guerra no Afeganistão- apenas reforçam a opinião de que a tortura é uma prática corrente em algumas prisões mantidas pelas Forças Armadas dos EUA. De acordo com relatório de advogados britânicos e norte-americanos, o tratamento dispensado aos presos de Guantánamo segue a mesma linha dos maus-tratos e humilhações amplamente praticados na prisão de Abu Ghraib, sob controle norte-americano, no Iraque.
A julgar pelo documento divulgado pelo Centro de Direitos Constitucionais, no campo de Guantánamo a conduta adotada seguiria um regime brutal, porém cuidadosamente administrado pelos militares, no qual os abusos seriam distribuídos com precisão para causar "impacto máximo" no moral dos prisioneiros.
Nesse sinistro sistema de aviltamento, os prisioneiros de formação muçulmana mais rígida deveriam ser submetidos a humilhações e abusos de caráter sexual, enquanto aos demais eram reservados os maus-tratos de ordem física.
Lamentavelmente, ao que tudo indica, a semelhança com o que foi flagrado nas fotografias de militares norte-americanos em ação no presídio iraquiano não é obra do acaso. É sintomático que o general Geoffrey Miller, comandante de Guantánamo até agosto do ano passado, tenha sido designado para administrar Abu Ghraib. Há indícios de que Miller teria dito a seus subordinados que pretendia transformar a prisão iraquiana em centro de coleta de inteligência e "guantanamizar" a operação.
Se comprovada a veracidade dos depoimentos, pode estar próxima a confirmação das suspeitas de que as ordens vinham, tácita ou diretamente, de cima, o que seria mais um embaraço para o presidente George W. Bush e um novo golpe contra a imagem dos EUA no mundo.


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