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CLÓVIS ROSSI
Os profissionais
SÃO PAULO - Era uma vez um tempo em que os adversários de Paulo Salim
Maluf diziam, brincando: "A gente
odeia o Maluf há tanto tempo que
nem lembra mais por quê".
Bom, a piadinha materializou-se
na noite de quinta-feira nos estúdios
da TV Bandeirantes, durante o primeiro debate entre candidatos à Prefeitura de São Paulo.
Os adversários de Maluf não se
lembraram, em momento algum, de
tocar na mais recente (recente?) acusação ao ex-prefeito, a de possuir
uma conta não declarada (e jamais
admitida) no exterior.
Foi de fato esquecimento ou conveniência? Como é que o pessoal do PT,
por exemplo, poderia lembrar-se do
assunto se altos funcionários da administração federal petista estão sendo acusados do mesmo deslize (viu
como estou suave hoje?).
Era uma vez um tempo em que
qualquer suspeita do gênero faria os
petistas babarem de indignação, pedirem a mais rigorosa das investigações, clamarem por uma CPI. Agora,
o ministro José Dirceu vai ao deboche
com a ética ao dizer que o caso Henrique Meirelles não lhe causa uma só
ruga de preocupação.
Qualquer funcionário público sério
teria, sim, rugas de preocupação sempre que o ocupante de algum cargo
importante na sua administração ficasse sob suspeita.
Mas o que você poderia esperar senão o deboche de quem trouxe para o
coração do Palácio do Planalto um
certo Waldomiro Diniz?
Tudo somado, fica fácil entender a
frase do também petista Rui Falcão,
candidato a vice na chapa de Marta
Suplicy, sobre o desempenho de Maluf no debate: "É do ramo".
É do ramo, sim. Como Henrique
Meirelles é do ramo (da banca), como José Dirceu é do ramo (dos joguinhos de poder e da política).
A pátria pode, pois, descansar tranqüilamente: estamos nas mãos de
profissionais.
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