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LUCIANO MENDES DE ALMEIDA
Propostas aos candidatos
Uniram-se recentemente as comissões da CNBB que atuam nas
áreas do Serviço da Caridade, da Justiça e da Paz e da Superação da Miséria e
da Fome para oferecer propostas aos
candidatos e candidatas a cargos eletivos municipais em 2004. O texto foi
enviado às comunidades para que seja
colocado à disposição dos que se apresentam a uma função pública executiva ou legislativa nos municípios.
Procuro colocar em evidência os
pontos mais relevantes.
O texto começa com uma palavra de
saudação e incentivo aos que querem
servir ao bem comum e lança um apelo aos candidatos a fim de que atendam com prioridade à superação da
miséria e da fome como resposta ao
imperativo evangélico.
No Brasil, 53 milhões de cidadãos vivem abaixo da linha de pobreza, sendo vítimas de uma política econômica
que gera insegurança alimentar e nutricional.
Cresce o desemprego. Não se consegue ainda corrigir a concentração de
terra e a insuficiência de renda.
"A injustiça social assume proporções de ofensa a Deus e se opõe ao
mandamento do amor fraterno que
Jesus Cristo instituiu como lei da nova
e eterna Aliança" (CNBB, doc. 69, nš
9). É preciso agir.
Para vencer a miséria e a fome, requer-se mudança profunda de mentalidade que leve à criação de uma cultura de solidariedade, com partilha de
bens e combate ao desperdício e ao
consumismo.
Segue-se daí a necessidade de definir
e de executar políticas públicas nas
áreas de educação, saúde, geração de
emprego e de renda e segurança alimentar. Isso exige a cooperação entre
o poder público, as entidades da sociedade civil e o povo.
1. O dever primeiro do Estado e dos
governos está na promoção do direito
à alimentação e à nutrição. Surge, assim, a urgência de apoiar as iniciativas
que promovam o desenvolvimento
regionalizado justo e sustentável como a agricultura familiar e as cooperativas de economia solidária. Para isso,
fortaleça-se o Consea -Conselho
Municipal de Segurança Alimentar e
Nutricional- com a respectiva Lei
Orgânica e a implantação do sistema
de vigilância do município.
2. O atendimento preferencial seja
dado aos grupos em situação de risco,
como mães gestantes e crianças, idosos, indígenas, afrodescendentes, meninos de rua, acampados e populações
carentes dos grandes centros, garantindo acesso ao alimento, à água, à
moradia digna, à saúde e à educação.
3. É indispensável o compromisso
de salvaguardar as exigências éticas
no trato da coisa pública e do interesse
coletivo. Cumpra-se a lei 9.840/99, que
combate a corrupção eleitoral, e evite-se a impunidade administrativa, o
clientelismo e o nepotismo.
4. É necessário reconhecer a importância do município, onde o cidadão
participa mais da vida política, e conseguir o bom entendimento entre a
Câmara de Vereadores e a prefeitura
em vista da criação e da execução de
políticas públicas que atendam ao
bem de todos.
É tempo de unirmos esforços para
elegermos candidatos que, com auxílio divino, se empenham em alcançar
a transformação da sociedade e da
economia numa ordem social voltada
para o bem comum e para o resgate da
dignidade dos pobres, à luz dos valores do Evangelho.
Dom Luciano Mendes de Almeida escreve aos
sábados nesta coluna
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