São Paulo, terça-feira, 07 de agosto de 2007

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Reincidência nos Correios

TÃO OU MAIS grave que a corrupção no Brasil é a incapacidade de reagir a ela.
Em operação conjunta com o Ministério Público, a Polícia Federal prendeu na semana passada três empresários e dois servidores dos Correios suspeitos de conluio para fraudar licitações promovidas pela estatal.
Entre os presos está o empresário Arthur Wascheck Neto, que, em maio de 2005, se celebrizou por ter contratado os emissários que filmaram o então servidor dos Correios Maurício Marinho quando este recebia R$ 3.000 de suposta propina. As imagens foram o estopim do escândalo do mensalão.
É incrível que, passados dois anos de uma das mais graves crises a afetar a República, pouco ou nada tenha mudado nos Correios, a ponto de um delegado da PF ter resumido o caso como a substituição de uma quadrilha criminosa por outra.
O mínimo que se esperaria da cúpula da estatal após o escândalo era que reformulasse por completo seu "modus operandi", criando novos mecanismos de controle interno, a fim de impedir que os esquemas de desvio continuassem a operar.
No plano judicial o descalabro não é menor. Processos custam a ser abertos e podem levar décadas para ser julgados. Tal demora é tomada como impunidade. O caso de Wascheck é gritante, não apenas por ele ter continuado a atuar depois do mensalão mas principalmente por já ter sido julgado e condenado, em 1995, por crimes semelhantes aos de que agora é acusado.
Corrupção existe em qualquer lugar do mundo. A diferença entre o Brasil e os países mais desenvolvidos é que estes são capazes de aprender com os erros do passado e extraem de escândalos e desastres lições de como não repeti-los.


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