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Reincidência nos Correios
TÃO OU MAIS grave que a corrupção no Brasil é a incapacidade de reagir a ela.
Em operação conjunta com o
Ministério Público, a Polícia Federal prendeu na semana passada três empresários e dois servidores dos Correios suspeitos de
conluio para fraudar licitações
promovidas pela estatal.
Entre os presos está o empresário Arthur Wascheck Neto,
que, em maio de 2005, se celebrizou por ter contratado os emissários que filmaram o então servidor dos Correios Maurício Marinho quando este recebia R$
3.000 de suposta propina. As
imagens foram o estopim do escândalo do mensalão.
É incrível que, passados dois
anos de uma das mais graves crises a afetar a República, pouco
ou nada tenha mudado nos Correios, a ponto de um delegado da
PF ter resumido o caso como a
substituição de uma quadrilha
criminosa por outra.
O mínimo que se esperaria da
cúpula da estatal após o escândalo era que reformulasse por completo seu "modus operandi",
criando novos mecanismos de
controle interno, a fim de impedir que os esquemas de desvio
continuassem a operar.
No plano judicial o descalabro
não é menor. Processos custam a
ser abertos e podem levar décadas para ser julgados. Tal demora
é tomada como impunidade. O
caso de Wascheck é gritante, não
apenas por ele ter continuado a
atuar depois do mensalão mas
principalmente por já ter sido
julgado e condenado, em 1995,
por crimes semelhantes aos de
que agora é acusado.
Corrupção existe em qualquer
lugar do mundo. A diferença entre o Brasil e os países mais desenvolvidos é que estes são capazes de aprender com os erros do
passado e extraem de escândalos
e desastres lições de como não
repeti-los.
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