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FUGA PARTIDÁRIA
Finda neste mês o prazo para
os políticos que pretendem disputar as próximas eleições se desligarem de seus partidos e se filiarem a
outras agremiações. Os primeiros sinais de que haverá uma debandada
das legendas governistas já foram
emitidos pelo vice-presidente José
Alencar, que deixou o PL, e pelo deputado federal Delfim Netto, que trocou o PP pelo PMDB.
A motivação dos "migrantes" é óbvia, sobretudo no caso dos egressos
do PL, do PP, do PTB e do PT -partidos cujas imagens foram fortemente
afetadas pelo escândalo do "mensalão". Trata-se de evitar que os futuros
candidatos sejam associados à corrupção. O movimento migratório
também é incentivado por temores
quanto ao encolhimento das legendas, que as poderia tornar inviáveis.
Entre os petistas, além do desprestígio da sigla, pode-se acrescentar
uma outra razão: as disputas internas em torno da cada vez mais distante "refundação" do partido. Estima-se que no caso de uma vitória do
Campo Majoritário nas eleições internas ao menos três senadores e seis
deputados pedirão desligamento.
O "troca-troca" partidário é tradicionalmente alimentado por políticos que desejam tirar proveito da
proximidade com o poder e por governantes em busca de força parlamentar. Apesar da retórica contra a
infidelidade partidária, o governo do
presidente Luiz Inácio Lula da Silva
não apenas prosseguiu com essa
prática deplorável como a aprimorou. Prudentemente, o PT não foi o
maior receptor de filiações de ocasião, deixando essa tarefa às legendas aliadas. No início do mandato de
Lula, partidos como o PTB, PP e o PL
registraram crescimento notável.
Chega a ser uma ironia que o PT,
que no passado condenou a migração partidária e no poder dela se beneficiou, seja agora atingido pela nova onda. Se a base governista já se esfacelou, imagine-se a situação após a
debandada que se anuncia.
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