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ESCALADA CHAVISTA
Em mais um ato de sua "revolução bolivariana", o presidente
da Venezuela, Hugo Chávez, se prepara para aumentar o controle estatal
sobre os bancos privados de seu país.
Segundo relata o correspondente
do jornal "Financial Times", em Caracas, os presidentes de diversas instituições bancárias foram informados por Trino Alcides Diaz, superintendente do setor, que Chávez planeja impor dois representantes do governo no conselho de cada uma delas. Trata-se de um golpe contra
princípios elementares de mercado,
que chama a atenção para os riscos
de uma ofensiva contra as liberdades, já evidentes em diversos setores
da vida pública venezuelana.
Com efeito, amparado em suas
anacrônicas convicções ideológicas
(basta dizer que vê em Fidel Castro
um exemplo a seguir), Chávez faz
campanha pelo que descreve como o
"socialismo do século 21". Na realidade, não há nada de novo.
No caso dos bancos, a idéia é alojar
"comissários políticos" em instituições privadas na tentativa de incrementar a influência estatal sobre a
administração dos recursos. Ao
mesmo tempo, empresas privadas,
caso queiram tomar empréstimos de
bancos oficiais, estão sendo solicitadas a destinar em seus conselhos
uma representação de 20% aos trabalhadores. O contexto em que a exigência é formulada apenas reforça as
apreensões sobre os destinos da sociedade venezuelana.
Chávez tem se beneficiado de um
crescimento econômico fora do comum, em razão dos espetaculares
aumentos do preço do petróleo. A
Venezuela é o quinto maior exportador do mundo. Depois de uma queda de 7,7% no PIB, em 2003, a economia venezuelana cresceu 17,9% no
ano passado. Os ganhos têm permitido a implementação de programas
populistas e assistencialistas, que beneficiam os setores mais pobres da
população, tradicionalmente preteridos pelos governantes.
O presidente venezuelano aproveita-se dos bons ventos econômicos
para aumentar seu prestígio e dar
curso à sua pregação anticapitalista.
Embora improvável, o avanço de um
processo que conduza à organização
de uma ditadura de esquerda no país
vizinho precisa ser veementemente
rechaçado pelos países da região, entre os quais o Brasil.
É verdade que a oposição venezuelana já deu inequívocos sinais de golpismo. Mas isso não basta para proteger Chávez das críticas que a ele
têm de ser dirigidas pelos que prezam e defendem a democracia.
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