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A VEZ DE MALUF
Como indicou escuta telefônica transcrita ontem por esta Folha, o ex-prefeito Paulo Maluf (PP) e
seu filho Flávio Maluf tentaram impedir o depoimento do doleiro Vivaldo Alves ao Ministério Público. Com
base nas conversas, gravadas entre
junho e julho, a Polícia Federal pediu
a prisão preventiva dos dois.
Em seu depoimento, Alves afirmou
à Procuradoria e à PF que operou três
contas bancárias no exterior para a
família Maluf e abriu uma quarta para Duda Mendonça. Nela, o publicitário teria recebido US$ 5 milhões
como pagamento aos serviços prestados para a campanha de Maluf ao
governo do Estado, em 1998.
Tudo leva a crer que o ex-prefeito e
seu filho tentaram intimidar uma
testemunha, valendo-se de ameaças
e ofertas em troca de falsos depoimentos ou ocultação de provas. Registrem-se, ainda, as tentativas de
entrar em contato com o ministro da
Justiça, Márcio Thomaz Bastos. Chefe da PF, ele foi procurado às vésperas do depoimento, o que reforça a
suspeita de que Maluf tenha se empenhado em manipular o inquérito.
A iniciativa da PF soma-se a duas
ações criminais abertas contra o ex-prefeito. Na primeira, arquivada por
prescrição, é acusado de evadir divisas. Na segunda, que tramita na Justiça, é instado a responder por formação de quadrilha e lavagem de dinheiro. Apesar disso, Maluf segue
com evasivas e anuncia que pretende
se eleger deputado federal pelo PTB.
Num momento em que se discute a
cassação de diversos congressistas, é
importante que as denúncias contra
Maluf sejam apuradas com rigor.
Não faz sentido que os holofotes recaiam apenas sobre o Congresso -e
que figuras que não ocupam cargos
no momento, mas tenham se valido
de procedimentos igualmente anti-republicanos, fiquem impunes.
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