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FERNANDO DE BARROS E SILVA
Oposição café com leite?
SÃO PAULO - Muito se tem falado
sobre o massacre governista nas
eleições que se avizinham e na hipótese, que daí decorre, da "mexicanização" da política brasileira.
Seria bom separar as duas coisas.
Ninguém ignora a força eleitoral
do lulismo, que pode dar a Dilma
Rousseff uma maioria no Congresso (e no Senado em particular) mais
confortável do que FHC e o próprio
Lula tiveram. Será, de qualquer forma, uma maioria formada por pelo
menos dez partidos que já estão na
coligação da candidata, além de
outros que devem aderir pós-pleito.
Nada a ver, portanto, com o PRI.
Além disso, com a vitória quase
certa de Geraldo Alckmin e a perspectiva cada vez maior de vitória de
Antonio Anastasia, o PSDB deve
manter São Paulo e Minas sob seu
comando. Os dois Estados juntos
correspondem a 33% do eleitorado,
um terço dos votos de todo o país.
Se a eles se juntar ainda o Paraná,
onde Beto Richa desponta como favorito, os tucanos terão quase 40%
dos eleitores sob as suas asas. Isso,
apesar do "massacre" lulista.
Como disse numa entrevista recente, de maneira serena e objetiva,
o cientista político Fernando Limongi, o nosso "não é um cenário
próximo do que foi o mexicano.
Aqui, o PT foi bem-sucedido na Presidência e está sendo retribuído por
isso. Nada mais normal no funcionamento da democracia. Já se falou
em mexicanização do Brasil antes:
após as eleições de 1986, quando o
PMDB saiu vitorioso e houve quem
também o comparasse ao PRI".
Em vez de alimentar fantasmas,
é mais interessante refletir sobre a
atuação e o alcance dos líderes da
oposição no pós-Lula. Reprovado
em 2006, Alckmin poderá ainda ser
mais do que um político tipicamente paulista? Será algo além do eterno médico de Pinda, que gosta de
"acordar cedo" e "amassar barro"?
E Aécio? Elegendo seu pupilo em
Minas, ele será a bola da vez. Mas
terá que temperar sua vocação para
o consenso e seu perfil conciliador
com a necessidade de ao menos parecer que é "o cara" da oposição.
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