São Paulo, terça-feira, 07 de setembro de 2010

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FERNANDO DE BARROS E SILVA

Oposição café com leite?

SÃO PAULO - Muito se tem falado sobre o massacre governista nas eleições que se avizinham e na hipótese, que daí decorre, da "mexicanização" da política brasileira. Seria bom separar as duas coisas.
Ninguém ignora a força eleitoral do lulismo, que pode dar a Dilma Rousseff uma maioria no Congresso (e no Senado em particular) mais confortável do que FHC e o próprio Lula tiveram. Será, de qualquer forma, uma maioria formada por pelo menos dez partidos que já estão na coligação da candidata, além de outros que devem aderir pós-pleito. Nada a ver, portanto, com o PRI.
Além disso, com a vitória quase certa de Geraldo Alckmin e a perspectiva cada vez maior de vitória de Antonio Anastasia, o PSDB deve manter São Paulo e Minas sob seu comando. Os dois Estados juntos correspondem a 33% do eleitorado, um terço dos votos de todo o país. Se a eles se juntar ainda o Paraná, onde Beto Richa desponta como favorito, os tucanos terão quase 40% dos eleitores sob as suas asas. Isso, apesar do "massacre" lulista.
Como disse numa entrevista recente, de maneira serena e objetiva, o cientista político Fernando Limongi, o nosso "não é um cenário próximo do que foi o mexicano. Aqui, o PT foi bem-sucedido na Presidência e está sendo retribuído por isso. Nada mais normal no funcionamento da democracia. Já se falou em mexicanização do Brasil antes: após as eleições de 1986, quando o PMDB saiu vitorioso e houve quem também o comparasse ao PRI".
Em vez de alimentar fantasmas, é mais interessante refletir sobre a atuação e o alcance dos líderes da oposição no pós-Lula. Reprovado em 2006, Alckmin poderá ainda ser mais do que um político tipicamente paulista? Será algo além do eterno médico de Pinda, que gosta de "acordar cedo" e "amassar barro"?
E Aécio? Elegendo seu pupilo em Minas, ele será a bola da vez. Mas terá que temperar sua vocação para o consenso e seu perfil conciliador com a necessidade de ao menos parecer que é "o cara" da oposição.


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