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ELIANE CANTANHÊDE
Uma aposta para a Defesa
BRASÍLIA - Lula adotou uma política de "não-aporrinhação" na sua
relação com as Forças Armadas.
Uma a duas vezes por ano, convida
os comandantes militares para
uma festa na Granja do Torto, dá
um tapinha nas costas de cada um,
faz uma brincadeira qualquer e depois empurra os problemas para o
ministro da Defesa de plantão.
O primeiro, embaixador José Viegas (1/2003 a 11/2004), viu-se absolutamente sozinho ao enfrentar o
Exército, quando o então comandante divulgou uma nota oficial no
31 de março (dia do golpe, lembra?)
não apenas defendendo o regime
militar como justificando a tortura.
Resultado: quem caiu foi Viegas.
O segundo foi o vice José Alencar
(11/2004 a 3/2006), um bom contador de "causos" mineiros, que fez
boas amizades entre os comandantes e circulou à vontade nas tradicionais homenagens militares, mas
entrou e saiu do cargo sem entender bulhufas da filosofia, dos anseios e dos equipamentos da área.
O terceiro, Waldir Pires (3/2006 a
7/2007), uma boa alma baiana, assistiu impassível à insubordinação
de sargentos, a um caos aéreo sem
precedentes e aos dois maiores acidentes da aviação brasileira. A tudo
reagia defendendo "o Estado democrático de Direito". Mas Lula
contava com sua decantada sorte,
achando que as coisas se resolveriam sozinhas. Errou.
O quarto ministro é Nelson Jobim
(7/2007), um gaúcho grandalhão
de voz grossa que deu um fim ao
caos aéreo, inviabilizou apologias à
ditadura, estruturou a pasta e parece se divertir um bocado metido em
uniformes de campanha, enquanto
refaz o parecer da FAB sobre a renovação da frota de caças.
Uma boa aposta é que Jobim fique no cargo a partir de janeiro, seja Dilma ou Serra o(a) novo(a) comandante em chefe das Forças Armadas. Nenhum dos dois entende
nada disso, e Dilma nem quer ouvir
falar de milico. Além disso, duvido
que PT, PSB, PSDB, PMDB... estejam se matando por esse vespeiro.
elianec@uol.com.br
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