São Paulo, terça-feira, 07 de setembro de 2010

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ELIANE CANTANHÊDE

Uma aposta para a Defesa

BRASÍLIA - Lula adotou uma política de "não-aporrinhação" na sua relação com as Forças Armadas. Uma a duas vezes por ano, convida os comandantes militares para uma festa na Granja do Torto, dá um tapinha nas costas de cada um, faz uma brincadeira qualquer e depois empurra os problemas para o ministro da Defesa de plantão.
O primeiro, embaixador José Viegas (1/2003 a 11/2004), viu-se absolutamente sozinho ao enfrentar o Exército, quando o então comandante divulgou uma nota oficial no 31 de março (dia do golpe, lembra?) não apenas defendendo o regime militar como justificando a tortura. Resultado: quem caiu foi Viegas.
O segundo foi o vice José Alencar (11/2004 a 3/2006), um bom contador de "causos" mineiros, que fez boas amizades entre os comandantes e circulou à vontade nas tradicionais homenagens militares, mas entrou e saiu do cargo sem entender bulhufas da filosofia, dos anseios e dos equipamentos da área.
O terceiro, Waldir Pires (3/2006 a 7/2007), uma boa alma baiana, assistiu impassível à insubordinação de sargentos, a um caos aéreo sem precedentes e aos dois maiores acidentes da aviação brasileira. A tudo reagia defendendo "o Estado democrático de Direito". Mas Lula contava com sua decantada sorte, achando que as coisas se resolveriam sozinhas. Errou.
O quarto ministro é Nelson Jobim (7/2007), um gaúcho grandalhão de voz grossa que deu um fim ao caos aéreo, inviabilizou apologias à ditadura, estruturou a pasta e parece se divertir um bocado metido em uniformes de campanha, enquanto refaz o parecer da FAB sobre a renovação da frota de caças.
Uma boa aposta é que Jobim fique no cargo a partir de janeiro, seja Dilma ou Serra o(a) novo(a) comandante em chefe das Forças Armadas. Nenhum dos dois entende nada disso, e Dilma nem quer ouvir falar de milico. Além disso, duvido que PT, PSB, PSDB, PMDB... estejam se matando por esse vespeiro.

elianec@uol.com.br


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