São Paulo, quinta-feira, 07 de outubro de 2004

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ELIANE CANTANHÊDE

Antes tarde...

FORTALEZA - Do campeão de votos Marcelo Déda, petista de Aracaju: "Já fiz mea culpa publicamente. Agora, é desembarcar em Fortaleza com tudo, no palanque, na rua, na praia, debaixo do coqueiro, onde for preciso". Do também vitorioso João Paulo, petista de Recife: "O partido errou. É correr atrás do prejuízo e chamar todos a participar, principalmente o PC do B. Senão por outra coisa, pela disciplina revolucionária".
Se houve candidatos petistas à míngua até aqui foram Luizianne Lins, em Fortaleza, e Nelson Pellegrino, em Salvador. Ela chegou ao segundo turno, ele quase conseguiu. O PT quer se redimir entrando firme a favor de Luizianne agora. Inclusive com Lula. E de preferência com recursos.
Luizianne e Pellegrino foram abandonados pelo partido e pelo governo em nome do "pragmatismo" -ela, para compensar o apoio do PC do B em outros municípios, ele, pior ainda, para "ficar bem" com ACM. Faltou combinar com o eleitor.
Aqui em Fortaleza, há um misto de euforia e de constrangimento em torno de Luizianne, e só se fala em "unidade do PT" e "união das esquerdas". É mais ou menos o que a candidata vai ouvir hoje, em São Paulo, na reunião da cúpula nacional do partido com os candidatos do segundo turno. Talvez até repita, porque não está na hora de fazer cobranças e rejeitar apoios. Mas o PT errou e, se ela vencer, a vitória não será do partido, será da candidata.
Ninguém acreditava nas chances de Luizianne, como ainda há dúvidas sobre sua capacidade de ser uma boa gestora. O trauma Maria Luiza Fontenele (eleita em 85) ainda é grande. É por isso que um dirigente petista admitiu ontem: "Entusiasmo em on, preocupação em off". Ou seja, declarações a favor, mas um caminhão de receios nos bastidores.
A Luizianne que São Paulo vai ver hoje é uma moça forte, atrevida, loura de olhos verdes. Não é do centro mais importante do país e não é uma Marta Suplicy, mas é gente assim também que ajuda a sacudir velhas estruturas e a fazer a história de um país injusto como o Brasil.


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