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ELIANE CANTANHÊDE
Antes tarde...
FORTALEZA - Do campeão de votos Marcelo Déda, petista de Aracaju:
"Já fiz mea culpa publicamente. Agora, é desembarcar em Fortaleza com
tudo, no palanque, na rua, na praia,
debaixo do coqueiro, onde for preciso". Do também vitorioso João Paulo,
petista de Recife: "O partido errou. É
correr atrás do prejuízo e chamar todos a participar, principalmente o PC
do B. Senão por outra coisa, pela disciplina revolucionária".
Se houve candidatos petistas à míngua até aqui foram Luizianne Lins,
em Fortaleza, e Nelson Pellegrino, em
Salvador. Ela chegou ao segundo turno, ele quase conseguiu. O PT quer se
redimir entrando firme a favor de
Luizianne agora. Inclusive com Lula.
E de preferência com recursos.
Luizianne e Pellegrino foram abandonados pelo partido e pelo governo
em nome do "pragmatismo" -ela,
para compensar o apoio do PC do B
em outros municípios, ele, pior ainda, para "ficar bem" com ACM. Faltou combinar com o eleitor.
Aqui em Fortaleza, há um misto de
euforia e de constrangimento em torno de Luizianne, e só se fala em "unidade do PT" e "união das esquerdas". É mais ou menos o que a candidata vai ouvir hoje, em São Paulo, na
reunião da cúpula nacional do partido com os candidatos do segundo
turno. Talvez até repita, porque não
está na hora de fazer cobranças e rejeitar apoios. Mas o PT errou e, se ela
vencer, a vitória não será do partido,
será da candidata.
Ninguém acreditava nas chances
de Luizianne, como ainda há dúvidas sobre sua capacidade de ser uma
boa gestora. O trauma Maria Luiza
Fontenele (eleita em 85) ainda é
grande. É por isso que um dirigente
petista admitiu ontem: "Entusiasmo
em on, preocupação em off". Ou seja,
declarações a favor, mas um caminhão de receios nos bastidores.
A Luizianne que São Paulo vai ver
hoje é uma moça forte, atrevida, loura de olhos verdes. Não é do centro
mais importante do país e não é uma
Marta Suplicy, mas é gente assim
também que ajuda a sacudir velhas
estruturas e a fazer a história de um
país injusto como o Brasil.
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