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ANTONIO DELFIM NETTO
Solidariedade
SE HÁ UM PAÍS responsável pela preservação de condições
básicas de alguma vida saudável em nosso planeta este país é o
Brasil. Não obstante, continuamos
a ser o alvo preferencial de críticas
de um grande número de organismos supranacionais exatamente
quanto aos métodos que utilizamos na exploração dos recursos
naturais. Uma das mais recentes,
totalmente precipitada e sem nenhuma demonstração empírica, foi
a de que "a expansão do plantio de
cana é responsável pelo desmatamento do cerrado brasileiro".
Trata-se de rematada tolice, pois
é sabido que a cana-de-açúcar se
expande em áreas do cerrado que
já eram exploradas por outras atividades, como a pecuária.
O Brasil construiu a matriz energética mais limpa do planeta Terra
e hoje utiliza 40% de energia renovável. Os demais países usam 10%
razoavelmente limpos, e 90% sujam. Continuamos investindo na
ampliação da oferta da hidroenergia e somos dos mais eficientes do
mundo na substituição por energia
que gera menos emissões de CO2 e,
portanto, produz menor efeito sobre o aquecimento global.
Nem por isso deixamos de expandir a produção de alimentos,
que está ajudando a aliviar a fome
no mundo e garante a autonomia
alimentar de nosso povo. Nos últimos cinco anos, aumentamos o volume físico das exportações de milho (180%), soja (70%), carne bovina (300%), carne de frango (200%)
e produtos suínos (300%). E a produção de açúcar aumentou, ao
mesmo tempo em que crescia a
oferta do etanol.
O Brasil tem grande disponibilidade de terra, de mão-de-obra que
se aperfeiçoa visivelmente e de
tecnologia desenvolvida principalmente nos últimos 30 anos, desde
a criação da Embrapa. Desenvolvida em nosso solo, com base nas
condições do cerrado brasileiro,
essa tecnologia dominou a agricultura tropical. O cerrado, que era
"uma coisa inservível", transformou-se, por obra e graça das pesquisas da Embrapa, no maior ativo
brasileiro e num grande acervo da
humanidade.
Não avançamos muito apenas
no uso da tecnologia para a solução
dos nossos problemas vitais de
energia e de alimentação. O Brasil
vai além quando coloca à disposição de países mais pobres, na África e na Ásia, os resultados das pesquisas que possibilitaram a produção econômica de alimentos nas
terras antes inóspitas dos cerrados. E, ainda, a tecnologia de desenvolvimento do etanol. Sem cobrança de royalties.
É uma ação solidária importante, que nos diferencia do resto do
mundo, onde nações desenvolvidas cobram fortunas para ceder
um frasco de remédio que poderia
evitar a mortandade pelo HIV nos
países pobres.
contatodelfimnetto@uol.com.br
ANTONIO DELFIM NETTO escreve às quartas-feiras nesta coluna.
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