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CLÓVIS ROSSI
Filho sim, pai nem tanto
SÃO PAULO - Vale para Lula e para
o lulismo a avaliação do lulista Jaques Wagner, governador reeleito
da Bahia e um dos bons quadros do
PT, segundo o qual "não existe carlismo sem ACM". Ou seja, sem Antonio Carlos Magalhães.
É óbvio, caro Jaques. Vale, de
resto, para todos os caudilhos, coronéis, líderes populares ou populistas: nenhum deles sobrevive a
seu criador. A eleição, de resto, demonstrou rotundamente que o lulismo, mesmo vivo o seu fundador,
é bem menor que Lula.
Uma coisa é a popularidade do
presidente, na altura de 80%. Outra
é a votação de sua criatura, Dilma
Rousseff, que seduziu apenas 35%
do total de eleitores inscritos. Essa é
a conta que mede, de fato, a adesão
a uma candidatura, não a regra
eleitoral que contabiliza apenas os
votos válidos, com o que Dilma
foi a 47%.
Dá a nítida sensação de que o
brasileiro se fascinou com "Lula, o
filho do Brasil", realmente uma extraordinária história de vida e de
sucesso. Mas essa coisa de "pai" do
Brasil, "mãe" do Brasil, cola muitíssimo menos, mesmo que Dilma ganhe no segundo turno, como continua sendo a hipótese mais lógica e
mais provável.
Não é à toa que dois dos jornais
mais relevantes no mundo -ambos
absolutamente deslumbrados com
Lula-, como o são "El País" e "Le
Monde", tenham coincidido em assinalar que os brasileiros não quiseram dar um cheque em branco para
Lula. Acho até que dariam se fosse
o próprio Lula o candidato. Para o
lulismo não.
Para a Câmara dos Deputados,
então, o que houve foi a velha fragmentação, suspeito que inédita no
mundo. O normal é que o partido
majoritário fique pouco acima ou
pouco abaixo da metade dos assentos. Aqui, nem somando os dois
partidos com mais deputados (PT e
PMDB) dá um terço da casa (conseguiram exatos 32,5%). E o PMDB é
apenas oportunista, não lulista.
crossi@uol.com.br
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