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CLÓVIS ROSSI
A frente externa
SÃO PAULO - Suspeito que o PT esteja jogando energia fora ao se rebelar
contra a indicação, feita por Fernando Henrique Cardoso, de um punhado de embaixadores.
Se há algum setor da burocracia federal no qual o PT não terá o mais leve problema para cercar-se de gente
qualificada, esse setor chama-se Ministério de Relações Exteriores, mais
conhecido como Itamaraty.
É claro que há incompetentes também no Itamaraty, mas, na média, se
toda a burocracia brasileira tivesse a
qualificação dos "itamaratecas", o
Brasil seria um país melhor.
De mais a mais, são profissionais de
políticas de Estado, não de políticas
do governo "x" ou "y".
Veja-se o caso da embaixada na
China, para a qual foi designado
Marcelo Jardim. O PT quer brecar a
indicação, a pretexto de que o governo Lula pretende ter relações mais
próximas com a China. Ora, Jardim
foi um dos principais artífices da
maior aproximação do Brasil com a
Rússia, hoje possivelmente no melhor
momento.
Rússia e China são designados como "baleias", grandes países, como o
próprio Brasil, mas meio soltos no espaço, sem acordos comerciais abrangentes. O PT sempre disse que gostaria de estreitar vínculos com as "baleias". Se é assim, o embaixador Jardim seria o homem certo, não por
palpite, mas pelo trabalho feito.
Não é tudo. Há apenas quatro embaixadas em que, de fato, o destino
da pátria poderá estar sendo jogado
tanto quanto em Brasília: são as de
Bruxelas (junto à União Européia),
Buenos Aires, Genebra (junto à Organização Mundial do Comércio) e,
como é óbvio, Washington.
Todas estão ocupadas, no momento, por profissionais notáveis, mas, aí
sim, compreende-se que o futuro governo queira a mais fina sintonia entre os embaixadores, o próprio presidente e o seu chanceler.
No resto, é gastar tempo com uma
área que não dá dor de cabeça.
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