São Paulo, quinta-feira, 07 de novembro de 2002

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CLÓVIS ROSSI

A frente externa

SÃO PAULO - Suspeito que o PT esteja jogando energia fora ao se rebelar contra a indicação, feita por Fernando Henrique Cardoso, de um punhado de embaixadores.
Se há algum setor da burocracia federal no qual o PT não terá o mais leve problema para cercar-se de gente qualificada, esse setor chama-se Ministério de Relações Exteriores, mais conhecido como Itamaraty.
É claro que há incompetentes também no Itamaraty, mas, na média, se toda a burocracia brasileira tivesse a qualificação dos "itamaratecas", o Brasil seria um país melhor.
De mais a mais, são profissionais de políticas de Estado, não de políticas do governo "x" ou "y".
Veja-se o caso da embaixada na China, para a qual foi designado Marcelo Jardim. O PT quer brecar a indicação, a pretexto de que o governo Lula pretende ter relações mais próximas com a China. Ora, Jardim foi um dos principais artífices da maior aproximação do Brasil com a Rússia, hoje possivelmente no melhor momento.
Rússia e China são designados como "baleias", grandes países, como o próprio Brasil, mas meio soltos no espaço, sem acordos comerciais abrangentes. O PT sempre disse que gostaria de estreitar vínculos com as "baleias". Se é assim, o embaixador Jardim seria o homem certo, não por palpite, mas pelo trabalho feito.
Não é tudo. Há apenas quatro embaixadas em que, de fato, o destino da pátria poderá estar sendo jogado tanto quanto em Brasília: são as de Bruxelas (junto à União Européia), Buenos Aires, Genebra (junto à Organização Mundial do Comércio) e, como é óbvio, Washington.
Todas estão ocupadas, no momento, por profissionais notáveis, mas, aí sim, compreende-se que o futuro governo queira a mais fina sintonia entre os embaixadores, o próprio presidente e o seu chanceler.
No resto, é gastar tempo com uma área que não dá dor de cabeça.


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