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CLÓVIS ROSSI
O Brasil que avança e o que dói
SÃO PAULO - Quando o então presidente da Fiesp, Mário Amato, decretou que 800 mil empresários
abandonariam o Brasil se Luiz Inácio Lula da Silva fosse eleito, em
1989, respondi com uma coluna
sob o título "Terrorismo, não".
Nela dizia -e repetiria depois
mais de uma vez- que, como o Brasil havia sido governado pelos
"doutores" desde sempre e chegara
ao triste estado em que se encontrava, um operário no poder não faria
estragos maiores.
Não fez. Ao contrário. Deixa o
país melhor do que estava quando
finalmente venceu.
Palmas para Lula, então? Sim,
mas nem tanto, do meu ponto de
vista. Esperava mais, como esperava mais de seu antecessor.
Continuo achando que um país
que é a 9ª economia do mundo (se
medida em paridade do poder de
compra, que ajusta o PIB aos preços
internos) não pode ser apenas o 73º
em desenvolvimento humano. Ainda mais depois de 16 anos de governos presididos pelos homens públicos que têm ou parecem ter maior
preocupação com o social do que
todos os antecessores.
Claro que avanços sociais são
lentos, mas 16 anos ou mesmo os
oito só de Lula deveriam ter sido suficientes para saltos bem maiores
no ranking da ONU do que os registrados por ele e por Fernando Henrique Cardoso.
Pelo menos para o meu gosto,
exigente com os governantes como
acho que todos deveriam ser.
O que atenua o julgamento sobre
o governo Lula (e o de FHC) é a aceitação de que ninguém, no mundo
todo, inventou um modelo que permitisse queimar etapas no desenvolvimento humano.
De todo modo, a realidade é que
empresário nenhum ameaça hoje
abandonar o país.
Em contrapartida, cruzo, em todas as viagens, com brasileiros e
brasileiras do andar de baixo que,
sim, continuam correndo atrás de
sonhos e esperanças. Dói.
crossi@uol.com.br
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