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Editoriais
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No meio do caminho
Mais próximo da Noruega do
que do Zimbábue. Melhor que Bolívia e África do Sul, mas abaixo
do México, da Líbia e do Peru.
Comparações desse tipo são multiplicáveis ao infinito quando se
examina a colocação do Brasil no
Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), divulgado pela ONU
nesta semana. O ranking, que leva
em conta dados sobre educação,
renda e saúde em 169 países, situa
o Brasil em 73º lugar.
Como em todo índice estatístico, a significação de relatórios
desse tipo tende a perder em impacto quanto mais se busca avançar na precisão. Cálculos mais detalhados, introduzindo novas variáveis, ramificam-se em sua relativa relevância conforme o tipo de
informação que se está a procurar.
É assim que, quando se leva em
conta a desigualdade social, o
Brasil perde pontos: fica em 88º
lugar entre os 139 países para os
quais foi feito esse tipo de cálculo.
Precipita-se para o 102º posto se
considerada a média de anos de
estudo da população.
O crescimento da sofisticação
nesse gênero de contabilidade é
em si mesmo um sinal de maior
"desenvolvimento humano", por
assim dizer, no próprio interior da
ciência econômica.
Sabe-se o quanto pode ser enganoso o triunfalismo com base no
mero crescimento do PIB. No Brasil de Lula, cujos progressos são
evidentes, as conquistas econômicas foram com frequência festejadas pela propaganda oficial como
se marcassem a passagem para o
clube dos países desenvolvidos.
Rankings como o do IDH, que
levam em conta outros aspectos,
ajudam a recobrar o realismo. O
índice brasileiro está abaixo da
média da América Latina -o que
já diz muito sobre o quanto é preciso avançar para que tenhamos
um país mais justo.
Foi-se, é verdade, o tempo em
que os crônicos problemas da iniquidade e da miséria pareciam
condenar o Brasil à estagnação ou
à ruptura social. Os desafios da
educação, da saúde e da desigualdade se colocam, e confirmam-se
nos índices agora divulgados,
com a gravidade que merecem ter.
Sua superação é lenta - e por isso
mesmo é recomendável que não
se perca tempo para tornar mais
eficientes as políticas de elevação
dos padrões socioeconômicos.
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