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IMPEACHMENT PARAGUAIO
O processo de impeachment
aberto contra o presidente do
Paraguai, Luis González Macchi,
tem, como quase todo processo de
afastamento, um forte componente
econômico. No presente caso do Paraguai, ele parece até preponderar
sobres as razões políticas.
De fato, as dúvidas sobre a legitimidade de Macchi não são novas. Elas
remontam a 1999, ano em que o então presidente do Senado assumiu a
primeira magistratura do Paraguai
depois que o presidente Raúl Cubas
fugiu do país, acusado de ter mandado assassinar seu vice, Luis María Argaña. Também não são novas as acusações de corrupção que pesam contra Macchi. Elas incluem o desvio de
US$ 16 milhões e a compra de um
automóvel BMW roubado no Brasil.
É claro que, sem esses elementos, o
processo contra Macchi nem seria
possível. Mas, se a situação econômica do Paraguai estivesse um pouco
melhor, o presidente provavelmente
contaria com algum apoio dentro de
seu próprio partido, o Colorado. Na
votação da Câmara que determinou a
abertura do impeachment, o placar
foi de 50 a favor do processo e 0 contra. Houve ainda 11 abstenções, e 19
deputados não compareceram.
E a economia paraguaia está em
frangalhos. O PIB deve encolher 4%
em 2002, e as perspectivas para 2003
são ainda piores. De janeiro para cá,
o guarani, a moeda local, perdeu
30% de seu valor diante do dólar. As
principais causas da crise são as dificuldades por que passam Argentina
e Brasil, dada a grande dependência
que a economia paraguaia mantém
em relação a estes dois países.
De todo modo, não deixa de ser
uma boa notícia a de que, desta vez,
os paraguaios estão tentando tirar
um presidente de seu cargo pela via
institucional do impeachment e não
por meio de golpe de Estado ou assassinato, que são as formas mais
habituais na América Latina. Seria
por certo precipitado afirmar que o
Paraguai se tornou uma democracia
de fato, mas não resta dúvida de que
esse é o caminho.
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