São Paulo, sábado, 07 de dezembro de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

DE VOLTA À FEBEM

A sensação do "retorno do mesmo" é inevitável após a divulgação de um relatório da seção paulista da Ordem dos Advogados do Brasil apontando tortura na unidade da Febem de Franco da Rocha, na Grande São Paulo. Tanto é assim que o próprio documento faz uma analogia com o passado dessa instituição ao comparar o que ocorre em Franco da Rocha com o que ocorria na extinta unidade Imigrantes, que entrou para a crônica policial do Estado por suas rebeliões sangrentas e pelos métodos truculentos de lidar com adolescentes infratores.
Para a Comissão de Direitos Humanos da OAB-SP, a Febem de Franco da Rocha é um centro de maus-tratos a menores infratores. A solução proposta às autoridades é o fechamento imediato do complexo.
Na visita que resultou no relatório, a comissão relata ter verificado sinais de espancamento em 32 dos 34 adolescentes que estavam em uma das alas da instituição. Foram constatadas, segundo o documento, condições precárias de salubridade e ausência de separação de internos por faixa etária. A lista das denúncias também inclui agressão grave a um interno e abuso sexual de um menor.
As autoridades responsáveis pela Febem, no dia da publicação do relatório, afastaram três diretores do complexo de Franco da Rocha. Outros seis funcionários que teriam participado de um espancamento também foram demitidos.
O mais grave, porém, surge de uma constatação feita pela Promotoria de Infância e Juventude de São Paulo: dos 65 funcionários da Febem denunciados à Justiça por tortura, 21 continuam trabalhando e, justamente, no complexo de Franco da Rocha. A sensação de volta ao passado na Febem, portanto, parece não estar desprovida de fundamento.


Texto Anterior: Editoriais: IMPEACHMENT PARAGUAIO
Próximo Texto: São Paulo - Clóvis Rossi: Guarde o dinheiro em casa
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.