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São Paulo, domingo, 07 de dezembro de 2003

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PAINEL DO LEITOR

Cotas
"O modo como está sendo implantado o sistema de cotas nas universidades públicas, com alunos chegando às instituições sem o conhecimento necessário para ali ingressar em condições normais, permite apenas dois possíveis desdobramentos: uma reprovação em massa nos dois primeiros anos, transformando esse acesso numa vitória de Pirro, ou o desmantelamento do ensino superior público, como aconteceu nos últimos 40 anos nas escolas públicas. Como é difícil imaginar que o governo permita que aquilo que chama de programa social resulte em nada, a primeira hipótese é pouco provável, restando apenas a segunda. Ou seja, para manter os alunos das cotas nas universidades, o ensino aos poucos se tornaria menos exigente. Os alunos que terão ingressado por méritos próprios verão seus esforços pouco recompensados, recebendo um ensino inferior àquele de outras épocas."
Flávio Maurício Andrade
(Rio de Janeiro, RJ)

Vagas na escola
"São Paulo está envergonhado! O Estado mais rico da nação não poderia receber o título de campeão no ranking da exclusão escolar. E a disputa para saber quem é o responsável pelas 170 mil crianças fora da escola é um absurdo. Com uma posição séria, responsável e digna de quem comanda o maior distrito federativo, o governo de São Paulo deveria assumir todas essas crianças que aparecem no mapa da exclusão educacional, e não ficar jogando a culpa em quem quer que seja. O governo de São Paulo demonstra que não tem nenhum compromisso com uma escola pública de qualidade acessível a todos. Nós, que vivemos o dia-a-dia da escola pública da rede estadual, sabemos que a política adotada por este governo não prioriza a educação pública, não valoriza o profissional da educação, tampouco favorece os usuários da escola. Convivemos, alunos e professores, com salas com mais de 40 alunos, convivemos com escolas sem infra-estrutura, convivemos com sobrecarga de trabalho, com violência, com aprovação automática, com desemprego. Atualmente, o professor da rede pública estadual é obrigado a atender mais de uma rede na busca por salários que garantam uma sobrevivência digna. O Estado paga irrisórios R$ 4,27 por hora/aula ao professor em início de carreira. E, além desse triste quadro, ainda recebemos o título de Estado com mais crianças fora da escola? É um absurdo!"
Carlos Ramiro de Castro, presidente da Apeoesp -Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (São Paulo, SP)

Nem espetáculo nem fracasso
"Em relação ao pessimismo do leitor Clóvis Emídio de Oliveira ("Painel do Leitor", 5/12), pondero que, embora os índices de crescimento econômico e de geração de empregos tenham sido insignificantes nesse primeiro ano de governo do PT, a idéia de "perspectivas sombrias" e de fracasso do governo na área econômica não condizem com a realidade verificada por estudos recentes. Como resultado de uma política econômica coerente do governo brasileiro e da retomada do crescimento mundial, 2004 será um ano de reaquecimento econômico lento. Alardear o espetáculo do crescimento parece-me excessivo, bem como falar em fracasso econômico."
Douglas da Silva Quinquinel (Osasco, SP)

Otimismo e realismo
"O economista Luiz Carlos Mendonça de Barros, no artigo "Entre o otimismo e o realismo" (Dinheiro, 5/12), não vê como o país poderá completar a sua marcha para uma economia de mercado com estatistas e pessoas com pedigree de esquerda ocupando postos-chaves no Ministério de Minas e Energia, na Eletrobrás, na Petrobras e na Anatel. Fica evidente a sugestão para que essas posições sejam ocupadas por pessoas "confiáveis"."
Felicio Limeira de França (Recife, PE)

Progressista
""Enquanto isso, o programa do partido envelheceu de tal maneira que basta mencionar o bispo "progressista" (?) que chegou ao descalabro, digno daquele antigo festival que assolava o país, de propor uma campanha contra o agronegócio -único dínamo na economia atual, único setor capaz de dar impulso às exportações e desatar o nó do crescimento, este, sim, neste ano, zero". Esse é o finalzinho do pertinente artigo "O segredo da conversão", de Otavio Frias Filho (Opinião, pág. A2, 4/12), sobre a oportunista guinada ideológica do PT para ganhar a eleição. O autor da pérola contra o agronegócio é dom Tomás Balduíno, presidente da Comissão Pastoral da Terra. Ele mais que merece citação nominal, afinal sua opinião é bem representativa do clero "progressista" (?) e de seu parceiro MST."
Thomaz Magalhães (São Paulo, SP)

IR
"Quando vejo tanta discussão sobre a correção da tabela do Imposto de Renda da Pessoa Física e sobre a alíquota de 27,5%, fico admirado por ninguém -nem no Congresso, nem na mídia- chamar a atenção para o fato de que a última vez que o governo permitiu a correção dos valores da declaração de bens das pessoas físicas foi em 1998, ano-base 1997. E, mesmo assim, só para os bens adquiridos até 31/12/1995. Há oito anos, portanto. A consequência disso é a geração de um lucro fictício na venda de qualquer imóvel adquirido de janeiro de 1996 para cá. Explico: se comprei um imóvel em 1996 por R$ 100 mil e vendi-o em 2003 por R$ 180 mil, tive um lucro fictício de R$ 80 mil -e deverei pagar R$ 12 mil de Imposto de Renda (15% sobre R$ 80 mil). Como a inflação de 1996 a 2003 foi cerca de 100%, o valor desse imóvel deveria ser de R$ 200 mil. Assim, na verdade tive um prejuízo de R$ 20 mil."
Luiz Fernando Kiehl (São Paulo, SP)

Nova tabela
"O INSS informou que a nova tabela do fator previdenciário, que foi alterada devido ao aumento da expectativa de vida do brasileiro, já está em vigor. E essa nova tabela reduzirá o valor das aposentadorias dos funcionários da iniciativa privada. Mas o governo não reduz os benefícios dos servidores públicos que recebem dezenas de milhares de reais de aposentadoria. Da mesma forma, os políticos continuam recebendo suas aposentadorias milionárias sem que se fale no assunto. Em compensação, quando o tema é reduzir o benefício do funcionário da iniciativa privada, que paga muito e recebe pouco quando se aposenta, o governo não precisa de lei, de emenda constitucional ou de discussão. Com uma simples canetada, na surdina, prejudica os brasileiros que não trabalham para ele. E isso "se" o trabalhador da iniciativa privada conseguir pedir sua aposentadoria, já que os funcionários do INSS querem mais uma vez entrar em greve."
Evandro Monteiro Kianek
(Santo André, SP)


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