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FRAQUEZA FEDERATIVA
A conta do socorro da União a bancos estaduais, por meio do programa
de saneamento federal Proes, já chegou a R$ 90 bilhões. Essa, por certo,
é a fatura da irresponsabilidade em
contrair dívidas por parte dos maiores responsáveis pela administração
dessas instituições. Mas a bancarrota
de instituições financeiras estaduais
também é um dos sintomas que ora
surgem e que geram preocupação sobre a unidade federativa.
Modelo deturpado é aquele em que
autoridades sentem-se à vontade para contrair obrigações, pois, em última instância, a conta da irresponsabilidade será dividida entre todos os
contribuintes. A União surge como a
madrasta que corrige (e arca com) a
traquinagem dos Estados. Uma madrasta por vezes indulgente.
Outros sintomas que afetam a Federação se manifestaram na reunião
de governadores que há pouco se encerrou no Paraná. Os chefes de Executivo estaduais, nessas ocasiões, rezam sempre pela mesma cartilha.
Querem agora mais ressarcimento
da União pelas perdas de arrecadação
propiciadas pela Lei Kandir, que dá
incentivos fiscais a exportadores.
No evento de Curitiba, além disso,
propuseram que os precatórios, títulos emitidos para pagar dívidas judiciais, sejam incluídos na renegociação das dívidas estaduais com o Tesouro; que haja complementação dos
fundos previdenciários dos Estados
com recursos federais; que a União
suspenda por dois anos a cobrança
de dívidas com o INSS.
Por mais que se pretenda justificar
tais pleitos e que a viabilidade financeira de muitos Estados dependa de
seu atendimento, o teor das exigências dá a medida da dependência em
relação ao governo central de muitas
dessas unidades federativas. Trata-se
mesmo de Estados ou de províncias?
Possivelmente os atuais governadores pouco tenham que ver com essa
distorção. Estourou em suas mãos o
resultado de um modelo viciado. Mas
certamente os episódios de chefes de
Estado em guerra por nacos do investimento empresarial ou os boicotes,
abertos ou não, ao pacto tributário
nacional só fazem acentuar o sentido
do movimento de acúmulo de poder
(fiscal, econômico e político) no governo central. O que não é bom para a
República Federativa do Brasil.
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